Univali se aproxima de cura para doenças degenerativas em estudo com planta brasileira

O estudo é uma colaboração entre a instituição catarinense com uma universidade da Coréia do Sul; Planta pode ser chave para combater doenças como Alzheimer, doenças Inflamatórias Intestinais e outras

A busca pelo tratamento de doenças degenerativas, como o Alzheimer, pode estar um passo mais perto da resposta com uma recente colaboração internacional entre a Univali, em Santa Catarina, e a Dankook University, na Coreia do Sul.

Anunciado nesta quarta-feira (1º) pela Univali (Universidade do Vale do Itajaí), o projeto de pesquisa aprovado visa explorar os potenciais medicinais da planta Guanandi (Calophyllum brasiliense). Esta árvore, nativa do Brasil, tem suas folhas tradicionalmente empregadas no tratamento de diversas condições, como inflamação e dor.

Com nove pesquisadores do curso de Farmácia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Univali envolvidos, o foco no Brasil será aprimorar métodos de extração da planta, técnicas de concentração, padronização dos materiais e coleta de dados sobre a segurança de seu uso.

Do lado da Coreia do Sul, a investigação, sob a supervisão da pesquisadora So-Young Park, buscará entender se o Guanandi pode ter efeitos benéficos em doenças associadas à inflamação, incluindo Doenças Inflamatórias Intestinais, Alzheimer e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.

O plano é conduzir o estudo utilizando experimentos in vitro, seguidos por experimentos in vivo com animais. A finalidade principal é criar uma base sólida para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos ou suplementos derivados da planta Guanandi, que já demonstrou propriedades anti-inflamatórias em estudos antecedentes.

Para garantir que a pesquisa avance, um financiamento de aproximadamente R$ 350 mil foi designado para cobrir despesas e prover bolsas de pesquisa.

À frente desse projeto promissor estão pesquisadores da Univali, sob a liderança do professor Valdir Cechinel Filho, juntamente com a especialista da Coreia do Sul, So-Young Park. A colaboração entre as instituições representa um avanço potencial na busca por tratamentos inovadores para doenças degenerativas.

Guanandi: uma potência natural

Originária do Brasil, a árvore Guanandi (Calophyllum brasiliense) marca presença nas regiões de mata atlântica e cerrado. Suas folhas, ao longo dos anos, ganharam destaque na medicina popular brasileira.

Estas folhas, carregadas de história e tradição, são amplamente reconhecidas por seus usos em tratamentos de várias condições, especialmente dor e inflamação. Estudos sugerem que o Guanandi possua compostos que exibem características anti-inflamatórias e que podem oferecer benefícios terapêuticos.

Com isso em vista, um projeto de pesquisa emergente em Santa Catarina visa aprofundar o conhecimento sobre as propriedades medicinais do Guanandi. Em parceria com especialistas da Coreia do Sul, os pesquisadores buscam compreender melhor como essa planta pode ser aplicada no desenvolvimento de novos medicamentos ou suplementos.

O foco, além de identificar os benefícios gerais da planta, é investigar sua eficácia no combate a doenças específicas, como o Alzheimer, doenças Inflamatórias Intestinais e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. A jornada de pesquisa também envolve aprimorar métodos de extração para maximizar os benefícios do Guanandi.

Reportagem originalmente publicada em Visor Notícias.

Eliezer Barreiro recebe título de doutor honoris causa da Univasf

Instituição homenageia professor emérito da UFRJ pela contribuição no desenvolvimento da ciência e formação acadêmica no interior do Nordeste

O nome dele é referência na farmacologia brasileira e nas ciências biomédicas. Hoje, aos 76 anos, Eliezer Jesus de Lacerda Barreiro é professor emérito da UFRJ, um título que recebeu no ano passado pela atuação na pesquisa para síntese e avaliação de novos compostos com vistas à produção de fármacos. E na tarde de sexta-feira (24/11), ele foi agraciado com mais uma homenagem no auditório Rodolpho Paulo Rocco, o “Quinhentão”, no Centro de Ciências da Saúde (CCS). Desta vez, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) lhe concedeu a distinção de doutor honoris causa (em tradução livre do latim, “por causa de honra”).

Com a saúde debilitada, o professor Barreiro reconheceu o esforço da Univasf em prestar a homenagem no Rio de Janeiro. O reitor da instituição superior nordestina, Telio Nobre Leite, se deslocou pessoalmente para realizar a cerimônia na UFRJ, acompanhado do proponente da homenagem, o coordenador do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN) da Univasf, Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida, que, apesar de não ter recebido orientação de Eliezer Barreiro nem no mestrado e nem no doutorado, creditou ao docente parte da responsabilidade pela origem do curso de Farmácia, por seus conselhos e opiniões.

O professor Eliezer Barreiro confessou enorme alegria pela homenagem. Segundo ele, esse título de doutor honoris causa tem um sabor “mais temperado”, pelo progresso que a Univasf tem tido nas duas últimas décadas. “A instituição tem grupos de pesquisas de excelência nacional e internacional. Quando estive na Capes, como coordenador de área, identifiquei que surgia, com a liderança do professor Jackson, um grupo de pesquisa muito produtivo. Eu me vejo gratificado com esse reconhecimento, para mim exagerado, da parte da Univasf”, disse o homenageado antes do início da cerimônia.

Para o reitor da Univasf, o professor Eliezer Barreiro é uma inspiração por contribuir para o surgimento de novas lideranças científicas e por acreditar no potencial dos nordestinos. “O professor está na história de nossa universidade. O título é para deixar registrada a contribuição importante dele para nós, desde a formação de professores na área de ciências farmacêuticas até a origem do curso. Iria aonde ele estivesse para fazer esta homenagem. O professor é um incentivador da pesquisa e de nossos eventos acadêmicos. Eliezer é um mentor, um guia e uma inspiração para os professores e estudantes de Farmácia”, disse Télio Leite.

Em 2002, a Univasf surgiu como primeira universidade federal a ser implantada no interior do Nordeste brasileiro, levando conhecimento, capacitação e formação para o semiárido. Com sede em Petrolina (PE), a instituição ainda possui outros campi ao longo do rio São Francisco, em Pernambuco (Petrolina e Salgueiro), Bahia (Juazeiro, Senhor do Bonfim e Paulo Afonso) e Piauí (São Raimundo Nonato).

De acordo com o professor Jackson Almeida, o homenageado sempre foi solícito e atencioso quando era procurado para dar conselhos e opiniões sobre o projeto pedagógico para a criação do curso de Farmácia. “O professor Eliezer contribuiu para reduzir as assimetrias regionais no ensino do Brasil. Ano a ano, desde 2007, participou dos simpósios que realizamos, exceto o último, ocorrido em setembro, quando não pôde estar presente. É uma homenagem também de todas as universidades do Nordeste”, afirmou o coordenador do NPPN/Univasf.

O reitor da UFRJ afirmou que Eliezer de Jesus é magnífico por tudo o que fez na carreira em favor da ciência, da saúde e da química medicinal no Brasil. “A nossa faculdade de Farmácia e o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) contribuem para o país, para o Sistema Único de Saúde, não apenas na formação de técnicos qualificados, mas de cidadãos éticos e comprometidos com a transformação social. O professor Eliezer é uma ‘joia da coroa’ da UFRJ por tudo o que fez, com zelo, respeito e cuidado. Muitas vezes eu o via sair daqui tarde da noite. Uma enorme dedicação para a ciência e a saúde”, concluiu Roberto Medronho.

Por Por Sidney Rodrigues Coutinho

Reportagem publicada originalmente em Conexão UFRJ

ABCF Jovem reforça a participação de novos pesquisadores em Ciências Farmacêuticas na ABCF

Dirigentes convidam estudantes de graduação, mestrado e doutorado a promoverem integração diversificada da profissão

A Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) não só promove a excelência acadêmica, mas também busca ampliar a influência dos jovens pesquisadores por meio de um novo segmento, a ABCF Jovem.

A ABCF Jovem foi criada para incentivar e atrair para a ABCF estudantes de graduação e de pós-graduação das Ciências Farmacêuticas. A ideia é fazer com que esses jovens pesquisadores não sejam meros espectadores, mas também participem e envolvam-se de modo efetivo nas atividades da Associação.

Sob a liderança de duas pós-graduandas, Samanta da Silva Gündel e Izadora Borgmann Frizzo, a ABCF Jovem se transformou em um ambiente dinâmico para a interação de estudantes de diferentes níveis acadêmicos com a diretoria da ABCF. “Hoje trabalhamos de forma integrada com a diretoria da ABCF apontando as necessidades, ajudando a construir e melhorar a Associação. Além disso, estamos participando ativamente no fortalecimento das Ciências Farmacêuticas e incentivando a participação de jovens pesquisadores e farmacêuticos na ABCF”, conta Samanta.

Izadora Borgmann Frizzo – Diretora da ABCF Jovem

A jovem pesquisadora Samanta é farmacêutica formada pela Universidade Franciscana (UFN). Atualmente é doutoranda em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e foi eleita pelos representantes discentes dos PPGs da área de Farmácia da CAPES para liderar a ABCF Jovem. “Desde o início, encantei-me pela pesquisa científica, seus desafios e pelo aprendizado constante no laboratório”, conta Samanta.

Samanta da Silva Gündel – Diretora da ABCF Jovem

Formada em Farmácia pela Universidade de Passo Fundo (UPF), com mestrado em Análises Clínicas e atual doutoranda em Farmácia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Izadora é vinculada ao Laboratório de Microbiologia Molecular Aplicada (MiMA – UFSC). Sua trajetória é marcada pelo interesse crescente na pesquisa, buscando oportunidades desde a graduação.

“Sou uma apaixonada pela ciência e fico feliz em identificar isso desde cedo, com minha graduação. Entendo a importância e a diferença que a ciência pode fazer no núcleo social. Por isso, insisto nessa caminhada”, pontua a pesquisadora Izadora.

Com foco em aumentar a visibilidade da ABCF, a ABCF Jovem está atuando na difusão de informações sobre a Associação e, consequentemente, no fortalecimento da ciência. “Os profissionais brasileiros se destacam globalmente na ciência, mas a comunidade científica do país enfrenta desafios que, geralmente, limitam seu progresso. Temos que iniciar uma mudança nesse processo desde cedo e a ABCF Jovem pode contribuir bastante neste sentido”, ressalta Samanta.

Faça parte da ABCF Jovem

Com o propósito de expandir o seu alcance, a ABCF Jovem convida jovens pesquisadores das Ciências Farmacêuticas a se associarem à ABCF e a terem voz ativa na definição de diretrizes e iniciativas dentro da sua área de atuação.

Podem integrar a ABCF estudantes da graduação, mestrado ou doutorado da área de Ciências Farmacêuticas e áreas afins. A ABCF Jovem foi criada para estimular a participação ativa desses estudantes em discussões e programas que impulsionam a área.

“A Associação procura ativamente ouvir e dar voz aos pesquisadores do presente e do futuro, como evidenciado na recente participação dos discentes na preparação do próximo Congresso da ABCF, marcado para 2024”, frisa Samanta. A pesquisadora Izadora complementa: “fazendo parte desta iniciativa, o jovem contribui com a sua perspectiva para o desenvolvimento contínuo das Ciências Farmacêuticas, para a descobertas de novas pesquisas”.

Ao se associar a ABCF, além de fazer parte de uma associação que promove e incentiva as Ciências Farmacêuticas, o associado também tem descontos em inscrições de eventos científicos e em ações de empresas associadas.

Para se associar-se à ABCF é simples. Basta clicar aqui para preencher a ficha de cadastro, fazer o pagamento da anuidade e pronto! Você passa a integrar esse time de pesquisadores que se uniram em prol das Ciências Farmacêuticas.

Dúvidas e informações podem ser esclarecidas pelo e-mail: abcfjovem@gmail.com

Reconstrução da ciência brasileira depende de orçamento robusto

Artigo assinado por Charles Morphy D. Santos, pró-reitor de Pós-graduação da Universidade Federal do ABC (UFABC), e Lucindo J. Quintans Júnior, pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Após um quadriênio de negacionismo científico e ataques às universidades e institutos de pesquisa, a revitalização de programas estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e as ações tomadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal agência de fomento à pesquisa do país, são fundamentais para a reconstrução do panorama acadêmico-científico nacional. No entanto, não há como reposicionar a nossa ciência no âmbito internacional sem orçamento adequado. Os resultados parciais do último edital Universal do CNPq, uma das mais basilares fontes de recursos para o pesquisador brasileiro, divulgados em 19 de outubro, mostram que o fomento à pesquisa ainda é claudicante no Brasil.

O Universal do CNPq, que passou anos sem chamadas abertas, objetiva apoiar projetos de pesquisa em todas as áreas do conhecimento. O edital aberto em junho deste ano destinava-se a grupos emergentes, com equipes de no mínimo três doutores, e grupos consolidados, para equipes maiores, com cinco ou mais doutores em pelo menos duas instituições distintas.

Os resultados parciais dessa chamada sinalizam um desafio para a comunidade científica brasileira. Ainda que o montante de 300 milhões de reais (cerca de 60 milhões de dólares) destinado a esta chamada Universal seja um passo significativo para fora das trevas dos últimos quatro anos, há espaço para avançar muito mais.

São números impressionantes, mas não surpreendentes: 9.757 propostas submetidas, das quais 7.671 recomendadas. Contudo, apenas 2.751 propostas foram aprovadas (28%), totalizando cerca de 270 milhões de reais em recursos destinados aos projetos. Essa discrepância entre projetos recomendados, alguns com avaliações excelentes dos pareceristas ad hoc, especialistas nas temáticas dos projetos, e aqueles que efetivamente serão financiados aponta para a existência de um rol relevante (72%) de propostas meritórias sem financiamento. Projetos importantes para o desenvolvimento do país estão sendo, de certa forma, negligenciados. O CNPq deve considerar formas alternativas de apoiá-los.

Levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP) indica predominância de projetos aprovados na Região Sudeste, que abriga o maior número de programas de pós-graduação e grupos de pesquisa no Brasil: 1152 propostas, totalizando 116 milhões de reais. Para a região Nordeste, foram 639 propostas aprovadas (quase 61 milhões de reais), enquanto o aporte para as 615 propostas aprovadas na região Sul foi de 60 milhões de reais. As regiões Norte e Centro-Oeste, somadas, tiveram 345 propostas aprovadas para um total de 33 milhões de reais.

Até o momento, antes da análise dos pedidos de reconsideração pelo CNPq, foram aprovados cerca de 270 milhões de reais para grupos de pesquisa em todo o território brasileiro. Esse número é pouco expressivo quando comparado ao fomento à pesquisa em países protagonistas mundiais em ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Para 2023, por exemplo, a National Science Foundation (NSF), uma das agências governamentais dos Estados Unidos que promovem a pesquisa científica, teve aprovado um orçamento de cerca de 11 bilhões de dólares (cerca de 55 bilhões de reais). Todo o orçamento do edital Universal do CNPq foi menor do que o que o governo dos EUA destinou somente para apoio logístico na Antártida (90 milhões de dólares). Segundo o portal da transparência do governo federal, as despesas previstas para o CNPq em 2023 não chegam a 2 bilhões de reais (400 milhões de dólares), ou seja, menos de 5% do orçamento da NSF.

Dada sua importância no desenvolvimento da ciência nacional, é imprescindível ampliar substancialmente os valores aportados nas próximas chamadas públicas do CNPq. É também essencial que o CNPq possua perenidade e periodicidade nos seus editais. Isso permite que os cientistas brasileiros planejem suas atividades de pesquisa, dialogando, inclusive, com momentos cruciais, como as avaliações da pós-graduação realizadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O ecossistema de CT&I produz melhores resultados quando há maior previsibilidade no financiamento e planejamento conjunto de ações.

A alta demanda registrada no edital Universal corrobora a importância da urgente necessidade de um reforço no orçamento do CNPq, que sofreu com duros e desarrazoados cortes nos últimos dois governos federais. A China, que na década de 1990 possuía indicadores inferiores ao Brasil, hoje é a segunda potência mundial no desenvolvimento de CT&I. Investimento perene e robusto, planejamento estratégico e apoio às universidades e centros de pesquisa são os pilares do desenvolvimento chinês. Portanto, é fundamental que o Governo Federal reconheça a necessidade de recursos significativamente maiores para garantir que o Brasil possa competir globalmente em pesquisa e inovação.

O investimento em pesquisa é um catalisador para o crescimento econômico e possui relação direta com a melhoria da qualidade de vida da população. Do compromisso contínuo com o investimento e a colaboração entre governo, pesquisadores e instituições de ensino e pesquisa dependem o futuro da CT&I no Brasil.

*O artigo expressa exclusivamente a opinião dos autores

** reportagem publicada originalmente no Jornal da Ciência, no dia 26/10/2023.

ABCF faz campanha para atrair estudantes da pós-graduação

A Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) está realizando a campanha “ABCF leva você ao VII ABCF Congress 2024, em Floripa, com tudo pago!”. O programa de pós-graduação com maior número de associados à ABCF até o dia 10 de novembro de 2023 ganhará uma viagem para o Congresso da ABCF 2024 com as despesas pagas. O objetivo principal da ação é promover a participação ativa dos programas de pós-graduação na ABCF, fortalecendo a associação e a conexão entre os pesquisadores.

A campanha se estenderá até o dia 10 de novembro. Os estudantes devem preencher os dados para associação no site da ABCF, pagar a anuidade e pronto, o programa de pós-graduação já está participando da premiação. Vale ressaltar que quanto mais um programa de pós-graduação se associar à ABCF durante o período da ação, maiores serão as chances de ganhar o prêmio.

A coordenação do programa de pós-graduação ficará responsável em destinar o prêmio que consiste na inscrição, passagem aérea e hospedagem para o ABCF Congress 2024, que será realizado em Florianópolis.

“Esta ação é uma oportunidade para os programas de pós-graduação mostrarem seu apoio à ABCF e, ao mesmo tempo, serem premiados”, disse Guilherme Martins Gelfuso, presidente da ABCF. “Contamos com a adesão dos estudantes dos programas para juntos trabalharmos em prol da pesquisa farmacêutica brasileira.”

Como se associar

O estudante, profissional ou pesquisador, deve acessar a área do associado, se registrar preenchendo os dados do formulário. Após o preenchimento dos dados, o sistema gera um boleto para pagamento. Assim que o pagamento for identificado, o associado já pode desfrutar dos benefícios da ABCF.

Sobre a ABCF

A ABCF é uma entidade sem fins lucrativos que visa fortalecer e dar voz aos pesquisadores da área das Ciências Farmacêuticas junto aos diferentes órgãos acadêmicos e científicos. Fundada em 2003, durante o Congresso Internacional de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, a associação tem desempenhado um papel fundamental na interlocução da área com as agências de fomento, estimulando a cooperação entre pesquisadores por meio de eventos e iniciativas.

Além de representar a classe, os associados da ABCF têm descontos em ações com empresas associadas e promoções de eventos científicos internacionais. Podem se associar a ABCF pesquisadores, graduados ou estudantes em áreas correlacionadas às Ciências Farmacêuticas.

O regulamento completo da campanha está disponível no aqui.

PRPG/UFPI agracia pesquisa inédita e internacional sobre melancia com entrega de certificado

Há muito tempo, ouvia-se que a melancia é uma fruta que provoca enxaqueca ao ser consumida. Nesse sentido, por meio de pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), essa história popular foi comprovada e transmitida à comunidade acadêmica e externa, tendo inclusive sido publicada em revistas internacionais. 

Desta forma, na tarde desta terça-feira (12/9), a Pró-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação (PRPG) da Universidade Federal do Piauí (UFPI) consagrou a finalização do projeto de pesquisa produzido pelo Professor da UFDPar, Silva Néto, com a entrega do certificado de conclusão do estágio de Pós-Doutorado, realizado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, ao agora egresso da instituição. Na oportunidade, estiveram presentes a Pró-Reitora Regilda Moreira-Araújo; o Supervisor do estágio e professor da PPG em Ciências Farmacêuticas, Prof. Luciano da Silva Lopes; e o atual Coordenador do PPG em Ciências Farmacêuticas, André Luis Menezes Carvalho.

O estudo trata-se de ensaio clínico intervencionista para caracterizar a ingestão de melancia como fator de ativação da via L-arginina-óxido nítrico e de deflagração de crises de cefaleia em pacientes com enxaqueca. Durante o estágio, segundo o prof. Silva Néto, para que o estudo fosse comprovado na prática, foi realizada uma amostra, na qual foram formados dois grupos, divididos entre pessoas que tinham enxaqueca e as que não eram acometidas pela doença. Na investigação, ambos os grupos ingeriram a melancia e depois de 2 horas da ingestão foi feita a dosagem sanguínea para determinar os níveis séricos de nitrito. Em conclusão, 29% do grupo que já apresentava dores de cabeça, após o consumo, sentiu-as outra vez, enquanto os que não tinham a enfermidade, não tiveram complicações.

A pesquisa inédita, tendo em vista que até então não existia nenhum trabalho mostrando que a melancia provoca enxaqueca, cientificamente, foi publicada em revistas internacionais como European Neurology, em 2023 de tema, Migraine attacks triggered by ingestion of watermelon (Citrullus lanatus): A source of citrulline activating the L-arginine-nitric oxide pathway; e Postgraduate Medicine, em 2021 com o nome “Watermelon and others plant foods that trigger headache in migraine patients“, ambas contaram também com a participação do Prof. Luciano da Silva Lopes.

Profa. Regilda Moreira-Araújo evidencia o papel da UFPI na promoção de pesquisas acadêmicas

“A descoberta importante dentro do Programa de Pós-Graduação da Universidade, que já conta com publicações internacionais, evidencia os esforços da instituição em promover a pesquisa e a mobilidade acadêmica”, assim relatou a Pró-Reitora da PRPG, Regilda Moreira Araújo, durante a entrega do certificado. Com entusiasmo, a docente da UFPI ressaltou sua satisfação em ver o êxito dos programas, dos professores, discentes, bem como de todo o corpo que forma a Universidade. Excelência a qual possibilitou a nota cinco pela CAPES, em que a Pós-Graduação teve um papel muito relevante nesta conquista.

“Quando a gente produz trabalhos de impacto, os quais vão ser publicados internacionalmente, acaba que chamamos a atenção para a nossa instituição, para os nossos programas, pois outros pesquisadores vão ler e, por conseguinte, convidar nossos discentes para parcerias, intercâmbios, para compartilhar esse conhecimento. Isso faz com que a UFPI cada vez mais tenha visibilidade e consiga melhor evoluir seu ranqueamento junto às outras instituições de ensino superior”, enfatizou.

Pesquisador agraciado destaca o estudo inédito

A pesquisa idealizada pelo Prof. Silva Néto começou há mais de seis anos quando ingressou em seu Doutorado. Continuar a debruçar-se sobre o assunto no estágio de Pós-Doutorado na UFPI era um anseio do docente, que durante cerca de quase dois anos estudou experimentalmente o tema no Departamento de Biofísica e Fisiologia da universidade.

“A gente já sabia da participação do óxido nítrico na fisiopatologia da doença e agora reforça-se essa teoria, pois essa molécula advém dos aminoácidos que estão na melancia. Com essa pesquisa, entendemos que a fruta realmente causa dor de cabeça e o motivo disso ocorrer, tendo em vista que agora não é mais só uma crença, é algo com embasamento científico. Além disso, o projeto abre caminho para novos estudos que poderão surgir à luz dessa temática”, destacou o pesquisador.

Supervisor do Estágio, Prof. Luciano Lopes, discursa sobre as contribuições da pesquisa

Como Supervisor do estágio, o Prof. Luciano da Silva Lopes evidencia que o projeto é algo bastante interessante, por ser uma área curiosa, em que estuda-se o efeito de alimentos comuns no dia a dia, assim como a interferência destes em algumas doenças e, especificamente, no caso da enxaqueca. “Foi um achado científico muito importante, o qual demonstra que o programa tem uma estrutura capaz de desenvolver projetos que são importantes, inclusive, com impactos para as pessoas de uma forma geral. Então, são muitas as contribuições que isso trouxe para a comunidade, na verdade, um dos objetivos da ciência é trazer algum tipo de benefício, que nem sempre é visto pela população, mas nesse caso é a explicação de algo que já se sabia ou pelo menos já se tinha uma informação prévia”, disse.

O Coordenador do PPG enfatiza a importância do programa para a comunidade

Para o Coordenador do PPG, Prof. André Luis Menezes Carvalho, o trabalho é extremamente importante e inovador, com alta capacidade de trazer visibilidade ao estudo desenvolvido pelo corpo acadêmico. “A qualidade do trabalho que foi desenvolvido nos fortalece enquanto Programa de Pós-graduação e ajuda na formação de novos recursos humanos, na elaboração de novos projetos e investigações futuras nesta área”, pontuou.

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas é o único da região meio norte, e a partir de 2024 apresentará a primeira turma de doutores formados pela Universidade Federal do Piauí.

Reportagem publicada originalmente no portal da UFPI.

A trajetória de Teresa Dalla Costa na promoção das Ciências Farmacêuticas no Brasil

Para Teresa Dalla Costa, associados mais jovens têm papel fundamental no fortalecimento e representatividade da entidade

Aproximar-se das agências de fomento, congregar e dar representatividade aos pesquisadores da área de Ciências Farmacêuticas são pilares fundamentais da atuação da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF), que completa duas décadas de existência em 2023. Uma personalidade que esteve presente nas reuniões antes mesmo da fundação da associação era Teresa Dalla Costa.

Em 2012, a Professora Titular da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) iniciou a sua atuação na diretoria da ABCF como Secretária Geral, durante a presidência da Profa. Suely Galdino. Teresa foi vice-presidente da ABCF até 2016. No ano seguinte, assumiu a presidência da entidade, onde ficou até 2018. Durante seu período na diretoria, participou da organização dos primeiros congressos próprios da ABCF, que iniciaram em 2012.

Na entrevista a seguir, a professora conta que seu maior desafio à frente da diretoria – e esse desafio não é exclusivo da ABCF, mas também de outras entidades científicas no país – foi a busca por aumentar o número de associados efetivos e engajar os participantes nas atividades propostas. “É fundamental que docentes e pesquisadores participem de sociedades científicas em suas áreas de atuação”, afirma.

Uma realização relevante da gestão de Teresa para a ABCF foi a parceria estabelecida com a Secad/Editora Panamericana para o PROFARMA, programa de educação continuada em Assistência Farmacêutica, Farmácia Clínica e Cuidado Farmacêutico. Os organizadores do material do PROFARMA são docentes e/ou pesquisadores associados da ABCF, indicados pela entidade. Deste modo, além de dar o aval científico para o programa, a ABCF ganha royalties que têm sido muito importantes para a saúde financeira da entidade.

Apesar das dificuldades, Teresa olha com orgulho as realizações de sua gestão, com destaque para a efetivação do Fórum de Coordenadores de Pós-graduação da Área de Farmácia como Comissão Especial da ABCF. Com a organização, o Fórum passou a ter um regimento, tornando-se parte da estrutura organizacional da ABCF e ganhando mais força em suas ações.

A professora também destaca que, na sua gestão, a associação colaborou com a organização de encontros regionais, nos quais a história e importância da ABCF para a consolidação da área de farmácia no país eram contadas por um dos fundadores da entidade. Nessa atividade, Teresa destaca a colaboração fundamental do fundador e ex-presidente da ABCF, Prof. João Callegari Lopes, que ministrou essas palestras nos eventos que ocorreram no Sul, Sudeste e Nordeste do país.

Em 2018, a ABCF voltou a realizar atividades científicas nas Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade à qual a associação é filiada. Teresa também destaca que, durante sua gestão organizou-se o IV Congresso da ABCF, que ocorreu em São Paulo, onde houve apresentação de 426 trabalhos aceitos na forma de resumos.

Especializada em Farmacocinética, com Doutorado em Farmácia pela University of Florida, nos Estados Unidos, Teresa vê com otimismo o período de crescimento da ABCF, com a entrada de mais pesquisadores da área de ciências farmacêuticas, ampliando sua inserção na sociedade e fortalecendo-se como uma entidade representativa da área. “Creio que os associados mais jovens têm um papel fundamental nesse processo e acredito que estão preparados para o desafio”, afirma.

Uma tragédia anunciada

Por Lucindo José Quintans Júnior*

A queda inédita na produção científica brasileira em 2022, conforme apontada no relatório da Elsevier-Bori, acende um alerta sobre o impacto negativo dos cortes de financiamento para ciência e o negacionismo científico no país, especialmente promovido pelo Governo Bolsonaro. Enquanto a produção científica mundial cresceu 6,1%, o Brasil experimentou uma inédita queda de 7,4%, interrompendo um contínuo crescimento anual desde 1996, ano em que os dados começaram a ser tabulados.

O cenário de 2022 se mostrou globalmente desafiador, com 23 países apresentando queda no número de artigos científicos publicados, marcando o ano com a maior quantidade de nações afetadas negativamente. A Pandemia da COVID-19 certamente contribuiu para a redução da produção científica em diversas nações. Contudo, no governo anterior, o Brasil testemunhou um explícito retrocesso em relação ao apoio e ao investimento na área de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), o que teve consequências profundamente prejudiciais ao desenvolvimento científico nacional. Aliados a isso, a postura negacionista adotada por membros proeminentes do “governo da terra plana” em relação a temas científicos cruciais, como a mudança climática e a pandemia da COVID-19, minou a credibilidade e o reconhecimento da ciência como um pilar fundamental para o progresso do país.

É importante destacar que a redução na produção científica brasileira só encontrou comparação com a Ucrânia, país em guerra, reforçando a gravidade da situação e posicionando o Brasil entre as nações que mais perderam em produção científica. De fato, os efeitos dessas políticas retrogradas são visíveis no relatório da Elsevier-Bori e sem precedentes em nossa história recente.

Assim, essa conjuntura adversa, combinada com a falta de apoio e incentivos, gerou um ambiente hostil para a pesquisa e a produção científica no Brasil. Muitos pesquisadores e cientistas talentosos se viram desencorajados e, em alguns casos, até mesmo impossibilitados de prosseguir com suas atividades acadêmicas e de pesquisa devido à ausência de recursos e reconhecimento institucional. Podemos dizer que houve uma espécie de diáspora de pesquisadores, muito bem formados em solo nacional, que preferiram mudar suas vidas para outros países, com maior apoio à pesquisa e à carreira de pesquisador. Assim, perdemos parte do investimento público brasileiro originalmente destinado na capacitação destes pesquisadores. Igualmente grave é que esses indicadores revelam uma preocupante tendência de enfraquecimento da pesquisa e do conhecimento científico no Brasil, o que pode ter impactos significativos no desenvolvimento do país e na busca por soluções para problemas complexos.

Várias entidades, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Academia Brasileira de Ciência (ABC), Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), Fórum Nacional de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação das Instituições de Ensino Superior Brasileiras (FOPROP) e Associação Nacional de Pós-Graduando (ANPG) vinham, nos últimos 4 anos, alertando a sociedade brasileira sobre o continuo retrocesso para a CT&I promovido pelo governo anterior. Era uma tragédia anunciada!

Qual a repercussão?

O país passa a ter um menor papel como “player” internacional na CT&I, tornando-se menos atrativo para a formação de parcerias internacionais e, consequentemente, tendo maior dificuldade na realização de pesquisas inovadoras que transitem na fronteira do conhecimento humano. Maior dificuldade no desenvolvimento de produtos e processos disruptivos para o desenvolvimento de nossa indústria, dos ecossistemas de inovação e suporte ao terceiro setor. Como corolário disso tudo, há francos prejuízos aos nossos já complexos ecossistemas de empreendedorismo, as áreas tecnológicas e a economia do país. Nas áreas de humanidades e sociais aplicadas o drama é ainda maior, pois o desinvestimento e os ataques foram contínuos e completamente desarrazoados, gerando desestímulo e desqualificando áreas estratégicas e produtivas do país. Por fim, o mesmo desinvestimento gerou a paralisia de projetos e estruturas de pesquisa que, mesmo com grande reinvestimento, terão grandes dificuldades de colocar linhas de pesquisas, grupos de pesquisas, equipamentos de grande porte e infraestruturas multiusuárias novamente funcionando, pois fazer pesquisa não é um botão de “liga-desliga”, trata-se de um complexo ambiente que envolve pessoas qualificadas, laboratórios estruturados, insumos e recursos para a continuidade de trabalho, entre outros fatores. Ou seja, o dano é irreversível para o país.

Portanto, é fundamental que a sociedade, os líderes políticos e as instituições reconheçam a grande importância da ciência e reafirmem seu compromisso com o fortalecimento da CT&I no Brasil. Investir em pesquisa e em políticas baseadas em evidências é essencial para enfrentar os desafios globais, promover o desenvolvimento sustentável e garantir um futuro próspero para o país. É exatamente por essa razão que o resgate da ciência e da pesquisa como pilares centrais da nação representa uma tarefa urgente e indispensável para o progresso do Brasil.

Notas

Reportagem publicada originalmente em Destaque Notícias.

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Professor Titular no Departamento de Fisiologia (DFS) da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

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Líderes engajados na ciência: o desafio da ABCF e o futuro das Ciências Farmacêuticas

­‘É essencial termos líderes engajados, que pensem no papel da ciência como instrumento de transformação da sociedade’, diz ex-presidente da ABCF

O principal desafio da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) é estabelecer uma relação mais próxima com novos estudantes e pesquisadores. Esta é a visão do professor Flavio da Silva Emery, que ocupou o cargo de presidente da entidade na gestão 2019/2020, e reforça a importância da renovação na Diretoria.

“As lideranças jovens têm mais afinidade e, portanto, condição de conversar de forma mais eficiente com as novas gerações de estudantes e cientistas, garantindo que o futuro das Ciências Farmacêuticas seja ainda mais brilhante”, observa.

O movimento de trazer as lideranças científicas jovens para participar da ABCF teve início em sua gestão e continuou durante a Diretoria da professora Sandra Farsky. “Esse processo se fazia necessário naquele momento, pois estamos falando de uma entidade que é da área da saúde, tem um mercado de medicamentos grande e importante nas políticas públicas do país. E as Ciências Farmacêuticas podem trazer inovação seja no desenvolvimento de um novo medicamento ou de novas tecnologias e vacinas. Por isso é essencial termos líderes engajados, que pensem no papel da ciência como instrumento de transformação da sociedade”, ressalta.

Para o ex-presidente da ABCF, construir um caminho de ampliação de alcance da informação por toda a comunidade científica é um legado importante da ABCF. “Já estamos vendo isso acontecer na nova Diretoria da associação, que tem hoje um presidente jovem, que faz com que a perspectiva da sua atuação se torne ainda mais relevante”, comenta.

Fortalecer a ABCF é ter um canal de voz para requerer melhorias das oportunidades e das políticas públicas no Brasil. “Por isso é fundamental que estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores, além de professores da área da farmácia interajam e façam parte da associação, é uma forma de entrar em contato com o que há de mais moderno em pesquisa e desenvolvimento da Ciências Farmacêuticas”, reforça Emery.

Aproximação com a ABCF

Farmacêutico de formação, Flavio da Silva Emery atua desde 2008 como professor da Universidade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto e teve seu primeiro contato com a ABCF em 2011. “Decidi me associar à ABCF por conta das atividades do CIFARP [Congresso Internacional de Ciências Farmacêuticas] e por cerca de 10 anos estive envolvido em atividades da associação”, relata.

Presidente na gestão 2019/2020, tendo como vice-presidente a professora Sandra Farsky, Emery conta que quando assumiu o cargo, a Associação já estava bem estruturada. “Isso facilitou para que déssemos continuidade às metas estabelecidas que incluíam, além de aumentar o número de associados, dar mais visibilidade à ABCF na sociedade como um todo, mostrando sua relevância”.

Dentre as conquistas, o professor ressalta a de tornar a Associação uma voz de relevância para a sociedade, tornando-a um alvo para jornalistas ou mesmo colegas de profissão que procuravam informações das Ciências Farmacêuticas. “Fazer parte da construção do conhecimento para a sociedade, bem como das ações que estão relacionadas às políticas públicas de saúde do país, é algo que me deixa muito orgulhoso. Naquele momento, a ABCF se fez presente nos canais de mídia, divulgando o uso correto de medicamentos, a importância da compreensão do diagnóstico, além de outros assuntos relevantes”, destaca.

A pandemia chegou em seu segundo ano de gestão, impondo grandes desafios. “Passamos por dificuldades não só pelas questões de saúde, mas também pelas questões políticas, que afetaram tanto a população quanto a comunidade acadêmica. Graças ao esforço conjunto da Diretoria, tivemos êxito nas diversas ações promovidas e fomos uma voz relevante nas diferentes regiões do país no combate às fake news, na orientação do uso correto de medicamentos e na participação em ações públicas contra atividades governamentais que eram antiéticas e contrárias aos benefícios da população, afetando diretamente a saúde do brasileiro como um todo”, afirma.

Outro grande desafio destacado pelo professor foi o de manter a comunidade das Ciências Farmacêuticas – cursos de graduação e de pós-graduação, pesquisadores e estudantes – engajados. “Era um momento de isolamento social, mas tínhamos uma batalha política que denegria a imagem das ciências, corte de bolsa e de recursos para desenvolvimento de pesquisas. Combatemos tudo isso na ABCF, tentando manter a comunidade envolvida, para garantir que tivéssemos a manutenção dos direitos adquiridos nos últimos anos”, finaliza.

Perspectivas e desafios da ABCF por Sandra Helena Poliselli Farsky

Em entrevista exclusiva, a professora, ex-presidente e atual conselheira da ABCF, Sandra Farsky fala sobre o estímulo à pós-graduação e o contato com agências de fomento

No ano em que a Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) completa duas décadas de existência, as perspectivas de crescimento são positivas. Segundo a professora Sandra Helena Poliselli Farsky, membro do Conselho Consultivo da ABCF, o cenário é de otimismo, já que a atuação da associação acompanha as mudanças no atual Governo Brasileiro, que fortalece e acredita nas ciências. Mas ainda há um longo e importante caminho a ser trilhado

“Temos que estar atentos a todas as oportunidades que estão surgindo, abrir caminhos junto às agências de fomento, propondo editais para as Ciências Farmacêuticas. Embora já tenhamos avançado, ainda há muito a ser feito para a política de medicamentos no Brasil, somos muito dependentes nesta questão e só conseguiremos atuar nessa área se tivermos uma representativa, tanto nas ciências quanto na inovação”, conta a Sandra Helena Poliselli Farsky.

Para ela, uma das formas de fortalecimento da ABCF é a pós-graduação. A representatividade da pós-graduação dentro das agências de fomento foi a razão primordial da criação da ABCF. Realizou trabalhos para atrair a pós-graduação para dentro da associação durante os dois anos em que ocupou o cargo de presidente.

“Precisamos que a pesquisa em ciências farmacêuticas seja valorizada, portanto é importante que orientadores e alunos estejam vinculados a uma associação que os represente junto às agências. A ABCF é o canal para que projetos conjuntos, de grande visibilidade, sejam propostos para as agências e iniciativas privadas e divulgadas à população.

Trajetória

Sandra iniciou a vida acadêmica aos 17 anos, quando ingressou no curso de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto. “Escolhi Farmácia porque queria trabalhar na área de saúde. Hoje vejo que fiz a escolha certa, adoro o que faço”, afirma.
Com a intenção de seguir na área de pesquisa, Sandra iniciou a pós-graduação em São Paulo, onde entrou no Doutorado no Instituto de Ciências Biomédicas da USP. “Quando terminei o Doutorado solicitei uma bolsa no CNPq e fui para o Instituto Butantan aplicar o que tinha feito no doutorado”, comenta.

Ainda trabalhando no Instituto, a professora conseguiu uma bolsa de Jovem Pesquisador na Fapesp e montou o seu próprio laboratório. “Foi uma época muito produtiva, trabalhei bastante, mas infelizmente não abriu concurso para o Butantan, acabei prestando concurso na Faculdade de Farmácia da USP, onde desde 2011 sou professora titular”, conta Sandra.

Sua atuação na ABCF começou em 2004, durante sua jornada na pós-graduação. “Eu participava muito das reuniões da Capes, liberada pelas professoras Suely Galdino e Dulcinéia Abdalla, que sempre foram mentoras para mim, pessoas que admiro muito. Elas estavam à frente da Capes na ocasião e tivemos anos produtivos, tanto que os membros dos programas de pós-graduação induziram a ABCF para fortalecer as Ciências Farmacêuticas”, destaca.

O primeiro contato com a Diretoria da associação ocorreu na gestão 2017-2018, quando a presidente era Teresa Dalla Costa. “Eu era tesoureira da associação quando o Flávio da Silva Emery, então vice-presidente, me convidou para concorrer em sua chapa. Na época expliquei que não era minha intenção, mas acabei assumindo a vice-presidência da ABCF junto do Flávio, e a presidência na gestão seguinte (2021-2022). Foi um momento muito difícil por conta da pandemia, mas aproveitamos para fazer um trabalho muito forte de divulgação da associação”, relembra a professora.

Como as reuniões só podiam ser realizadas on-line, Sandra instituiu um calendário mensal e toda a diretoria era convidada a participar. “Uma decisão muito acertada na época, tanto que até hoje as reuniões são realizadas assim. Foi uma forma de envolver os 18 representantes da diretoria da ABCF nas tomadas de decisões e estabelecer um momento onde todos eram ouvidos”, explica. Outra iniciativa importante iniciada na gestão de Sandra foi a de comemorar as datas importantes das Ciências Farmacêuticas.

Diferentemente do Congresso de 2021, que foi todo on-line, o de 2022 foi presencial e Sandra conta que essa foi uma vontade dos participantes. “As pessoas sentiam necessidade de se encontrar, mesmo que fosse necessário abrir as inscrições para um número menor de pessoas. Guilherme Gelfuso, atual presidente da ABCF organizou o congresso em Brasília e foi um sucesso. Desta forma fechamos com chave de ouro a gestão”, celebra.

E mesmo deixando a presidência, Sandra fez questão de continuar na ABCF, pois encontrou nessa iniciativa uma maneira de dar suporte à atual gestão. “Assim, intercalamos as pessoas que têm mais experiência com as que estão chegando, para que elas possam conhecer o funcionamento da associação que hoje está bem mais fortalecida”, finaliza.