Anunciadas as vencedoras do Prêmio Mulheres Brasileiras na Química 2024

WASHINGTON, 13 de maio de 2024 — A American Chemical Society (ACS) e a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) têm o prazer de anunciar as vencedoras do 7º Prêmio Mulheres Brasileiras na Química. Os prêmios serão entregues no dia 24 de maio, na 47ª Reunião Anual da SBQ, em Águas de Lindoia, SP.

O “Prêmio Mulheres Brasileiras na Química” tem como objetivo promover a igualdade de gênero, com foco na comunidade química brasileira, e reconhecer o impacto da diversidade na pesquisa científica em Química. Assim, o prêmio busca reconhecer mulheres cientistas com contribuições relevantes e pesquisas de destaque em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM).

Líder Emergente em Química: Elisama Vieira dos Santos

Esse prêmio reconhece as realizações de uma jovem cientista ou empreendedora notável em Química. Elisama é professora associada no Departamento de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sua pesquisa se concentra no desenvolvimento de processos eletroquímicos para um ambiente mais limpo, usando hidrogênio verde como vetor de energia para processos eletroquímicos. Palestras e eventos sociais conduzidos por Elisama centram-se na divulgação científica e ações pela igualdade de gênero. Suas realizações incluem a autoria de mais de 100 artigos publicados, a realização de mais de 135 apresentações em congressos nacionais e internacionais e o depósito de uma patente. Ela é membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências.

Liderança Acadêmica: Lucia Helena Mascaro

Esse prêmio reconhece uma mulher com uma formação estabelecida na academia e cuja contribuição para a pesquisa científica em Química tem um impacto global e social. Lucia é professora titular no Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos. Atua também como pesquisadora associada do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (sediado na UFSCar) e do Centro de Inovação em Novas Energias (sediado na Unicamp) e é editora associada da Química Nova. É especialista em Físico-Química, com foco em Eletroquímica: produção de hidrogênio, fotoeletrocatálise, eletrodeposição de ligas metálicas e semicondutores e corrosão. Ocupou cargos de liderança em várias sociedades de Química e coordena projetos em energia e sustentabilidade financiados por várias agências governamentais brasileiras. Orientou dezenas de estudantes de graduação e pós-graduação.

Os prêmios são oferecidos pela ACS e pela SBQ e patrocinados pelo CAS e ACS Publications, divisões da American Chemical Society. Cada vencedora receberá um prêmio em dinheiro de US$ 2.000, um ID SciFinder válido por um ano, um ano de associação à ACS e à SBQ, um certificado de premiação em inglês, uma placa de homenagem em português e uma assinatura de curso através do ACS Institute.

Sobre a American Chemical Society:

A American Chemical Society é uma organização sem fins lucrativos registrada pelo Congresso dos Estados Unidos. Com mais de 200 mil indivíduos, a ACS é a maior sociedade científica do mundo. Para obter mais informações, visite acs.org.

Sobre a Sociedade Brasileira de Química:

A Sociedade Brasileira de Química (SBQ) foi fundada em 1977 com o objetivo de promover o desenvolvimento e a disseminação do conhecimento em Química no Brasil. Para obter mais informações, visite sbq.org.br.

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Cientistas do Brasil e da Índia criam tratamento promissor contra tumores sólidos

Agência FAPESP* –Ricardo Muniz | Agência FAPESP – Artigo publicado recentemente no Journal of Controlled Release detalha o resultado de colaboração científica internacional que desenvolveu uma alternativa para o tratamento dos tumores sólidos por meio da inibição do chamado microambiente tumoral inflamatório (tumour microenvironment ou TME).

Tumores sólidos costumam ser os tipos de câncer de tratamento mais desafiador por causa da dificuldade de penetração dos fármacos. O microambiente tumoral inflamatório, onde os tumores estão alojados, contém várias células e substâncias do próprio paciente que impedem as células de defesa de combater o tumor. “Muitas vezes essas células e moléculas ajudam o tumor a crescer e, por isso, dizemos que ele escapa da vigilância do sistema imune”, explica Lúcia Helena Faccioli, professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) e coordenadora da Central de Quantificação e Identificação de Lipídeos (Ceqil), instalada com apoio da FAPESP por meio do Programa Equipamentos Multiusuários.

“Há sempre um cabo de guerra entre células imunológicas promotoras e inibidoras de tumores no TME, onde metabólitos, mediadores lipídicos, citocinas e quimiocinas desempenham um papel importante no domínio da natureza imunossupressora”, escrevem os autores do artigo, que incluem a pesquisadora Viviani Nardini, do Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas da FCFRP-USP, e cientistas de instituições indianas liderados por Avinash Bajaj, chefe do Laboratório de Nanotecnologia e Química Biológica do Centro Regional de Biotecnologia de Faridabad, no estado indiano de Haryana.

A equipe desenvolveu nanomicelas – partículas muito pequenas, medindo entre 1 e 100 nanômetros – compostas de diferentes substâncias e, por isso, chamadas de quimeras. As nanomicelas quiméricas produzidas são compostas por fosfolipídios (NMs), docetaxel (DTX), substância usada para matar as células tumorais, e dexametasona (DEX), um anti-inflamatório muito empregado para diminuir a produção de várias substâncias inflamatórias, como a prostaglandina E2 (PGE2).

Os estudos em animais de laboratório mostraram que essas partículas (NMs+DTX+DEX), ministradas por via intravenosa, foram muito eficientes, diminuindo o tamanho de tumores e aumentando a sobrevida dos animais: os não tratados morrem sempre ao redor de 28-30 dias, mas os tratados sobrevivem até 44-50 dias, explica Faccioli.

“O tratamento induziu uma diminuição superior a cinco vezes no volume do tumor em comparação com tumores não tratados no modelo de câncer de cólon”, detalha Bajaj. As nanomicelas reduziram e alteraram as células presentes ao redor do tumor, aquelas que impedem a ação do sistema imune, favoreceram o aumento de tipos específicos de leucócitos que matam células tumorais e também inibiram a liberação de PGE2, substância inflamatória presente no microambiente tumoral que diminui a ação antitumoral de determinadas células de defesa.

“Embora esses estudos tenham sido feitos em animais, os resultados são muito promissores e abrem possibilidades de estudos em humanos, já que as partículas são formadas por compostos já aprovados para utilização humana”, comemora Faccioli, que realizou seu pós-doutorado no National Heart and Lung Institute da Universidade de Londres.

Além da USP e do laboratório coordenado por Avinash Bajaj, participam da pesquisa o Amity Institute of Integrative Sciences and Health (Haryana), o Departamento de Cirurgia Oncológica do All India Institute of Medical Sciences (Nova Déli), o Instituto Nacional de Imunologia (Nova Déli) e o Instituto Nacional de Genômica Biomédica (Kalyani, Bengala Ocidental).

O artigo Engineered nanomicelles inhibit the tumour progression via abrogating the prostaglandin-mediated immunosuppression pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168365924001615.
 

Tumores sólidos costumam ser os tipos de câncer de tratamento mais desafiador por causa da dificuldade de penetração dos fármacos. O microambiente tumoral inflamatório, onde os tumores estão alojados, contém várias células e substâncias do próprio paciente que impedem as células de defesa de combater o tumor. “Muitas vezes essas células e moléculas ajudam o tumor a crescer e, por isso, dizemos que ele escapa da vigilância do sistema imune”, explica Lúcia Helena Faccioli, professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) e coordenadora da Central de Quantificação e Identificação de Lipídeos (Ceqil), instalada com apoio da FAPESP por meio do Programa Equipamentos Multiusuários.

“Há sempre um cabo de guerra entre células imunológicas promotoras e inibidoras de tumores no TME, onde metabólitos, mediadores lipídicos, citocinas e quimiocinas desempenham um papel importante no domínio da natureza imunossupressora”, escrevem os autores do artigo, que incluem a pesquisadora Viviani Nardini, do Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas da FCFRP-USP, e cientistas de instituições indianas liderados por Avinash Bajaj, chefe do Laboratório de Nanotecnologia e Química Biológica do Centro Regional de Biotecnologia de Faridabad, no estado indiano de Haryana.

A equipe desenvolveu nanomicelas – partículas muito pequenas, medindo entre 1 e 100 nanômetros – compostas de diferentes substâncias e, por isso, chamadas de quimeras. As nanomicelas quiméricas produzidas são compostas por fosfolipídios (NMs), docetaxel (DTX), substância usada para matar as células tumorais, e dexametasona (DEX), um anti-inflamatório muito empregado para diminuir a produção de várias substâncias inflamatórias, como a prostaglandina E2 (PGE2).

Os estudos em animais de laboratório mostraram que essas partículas (NMs+DTX+DEX), ministradas por via intravenosa, foram muito eficientes, diminuindo o tamanho de tumores e aumentando a sobrevida dos animais: os não tratados morrem sempre ao redor de 28-30 dias, mas os tratados sobrevivem até 44-50 dias, explica Faccioli.

“O tratamento induziu uma diminuição superior a cinco vezes no volume do tumor em comparação com tumores não tratados no modelo de câncer de cólon”, detalha Bajaj. As nanomicelas reduziram e alteraram as células presentes ao redor do tumor, aquelas que impedem a ação do sistema imune, favoreceram o aumento de tipos específicos de leucócitos que matam células tumorais e também inibiram a liberação de PGE2, substância inflamatória presente no microambiente tumoral que diminui a ação antitumoral de determinadas células de defesa.

“Embora esses estudos tenham sido feitos em animais, os resultados são muito promissores e abrem possibilidades de estudos em humanos, já que as partículas são formadas por compostos já aprovados para utilização humana”, comemora Faccioli, que realizou seu pós-doutorado no National Heart and Lung Institute da Universidade de Londres.

Além da USP e do laboratório coordenado por Avinash Bajaj, participam da pesquisa o Amity Institute of Integrative Sciences and Health (Haryana), o Departamento de Cirurgia Oncológica do All India Institute of Medical Sciences (Nova Déli), o Instituto Nacional de Imunologia (Nova Déli) e o Instituto Nacional de Genômica Biomédica (Kalyani, Bengala Ocidental).

O artigo Engineered nanomicelles inhibit the tumour progression via abrogating the prostaglandin-mediated immunosuppression pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168365924001615.
 

Reportagem publicada originalmente em Agência FAPESP.

Estudos em modelagem simulam medicamento para tuberculose em público pediátrico

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) iniciou o uso de modelagem de simulação computacional para realizar estudos não clínicos em medicamentos pediátricos dispersíveis em água para bebês, crianças e adolescentes. A nova metodologia é inovadora e oferece uma solução para acelerar a comprovação da segurança e da eficácia de medicamentos em diferentes estratos da população pediátrica. A estratégia computacional, chamada de estudo in silico, está sendo utilizada para o desenvolvimento tecnológico de uma nova associação tuberculostática, contendo Isoniazida e Rifampicina com indicação pediátrica. Esse estudo inovador consiste na criação de um modelo de simulação biofarmacêutica baseado em fisiologia, que foi construído a partir de dados históricos de biodisponibilidade tanto da associação em dose fixa combinada de Rifampicina e Isoniazida como da Isoniazida monodroga em adultos e complementado com dados de literatura.

A idealizadora do projeto e responsável pela Divisão de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico de Farmanguinhos, Juliana Johansson, explica como foi o processo de estruturação da estratégia in silico. “Utilizamos um arcabouço vasto de informações farmacocinéticas e fisiológicas para a construção deste modelo, no qual a fisiologia humana e os aspectos biofarmacêuticos das moléculas estudadas foram simulados computacionalmente. Coletamos dados do desempenho farmacocinético de medicamentos feitos a partir destas moléculas em adultos e as informações foram utilizadas para construir e validar o modelo. Em seguida, a ferramenta foi aplicada para extrapolar a farmacocinética de ambos os fármacos para os diferentes estratos das populações pediátricas. Assim, foi possível predizer o comportamento da formulação em desenvolvimento no organismo das crianças de diferentes faixas etárias”, detalha.  

A modelagem contribuirá principalmente para verificar a dose correta para cada tipo de público pediátrico, desde os bebês até as crianças em idades pré-escolar e escolar, demonstrando o comportamento dos fármacos em cada organismo. “Não é adequado conduzir os testes clínicos em adultos e assumir como premissa que apenas o ajuste de dose para o peso da criança vai ser suficiente. Quando falamos em crianças, deve-se considerar que esses indivíduos têm uma curva de maturação que apresenta caraterísticas únicas para cada idade. São observadas variações fisiológicas importantes referentes à ontogenia pediátrica, como por exemplo diferenças em tamanhos de órgãos e expressão de enzimas, entre outras variações. Consequentemente, podem ocorrer diferenças no comportamento dos medicamentos.”, conta.

A nova metodologia está sendo utilizada para estudos no medicamento dispersível, que o comprimido dissolve no copo ou colher, favorecendo a aceitação e a ingestão. “O formato dispersível favorece a adesão da criança, sem gerar repulsa para que os comprimidos sejam tomados e reduzindo a falha no tratamento, principalmente na utilização a longo prazo, como é no caso da tuberculose. Outro benefício desta apresentação é que na forma sólida os ativos estão concentrados no comprimido, que é acondicionado em blísteres. Estas embalagens são bem mais leves e menos frágeis do que os vidros para líquidos, então existe toda uma cadeia de logística que se beneficia. Existem vantagens desde a saída da indústria, com o frete do produto, até o próprio manuseio pela família, já que as embalagens de líquidos podem vazar ou quebrar em bolsas ou mochilas. Por fim, a forma sólida tende a ser quimicamente mais estável.”, destaca Juliana. 

O serviço, que já é discutido em âmbito internacional, é prestado pela empresa Simulations Plus, da Califórnia, e realizado em parceria com o Instituto de Ciências Farmacêuticas, de Goiás. Todo o projeto vem sendo avaliado e discutido em todos os pontos, com levantamento de justificativas junto à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em fóruns internacionais.  

Os próximos passos do estudo são a conclusão do desenvolvimento farmacêutico em 2024 e a fabricação do medicamento experimental segundo as Boas Práticas de Fabricação por Farmanguinhos, em 2025. Este novo medicamento será submetido a estudo de farmacocinética in vivo em adultos para gerar as informações que serão extrapoladas in silico pelo modelo para a fisiologia pediátrica. 

A ferramenta in silico para estudos de farmacometria em populações pediátricas foi parte do tema da defesa do doutorado profissional em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica de Farmanguinhos da pesquisadora. Juliana participou da primeira turma, com conclusão em setembro de 2023.

Reportagem publicada originalmente em agencia.fiocruz.br, por Viviane Oliveira (Farmanguinhos)

Pesquisadores vão avaliar alimentos nativos do Brasil que podem ajudar na saúde mental

Grupo de Pesquisa Alimentos, Nutrição e Saúde Mental, criado no Instituto de Estudos Avançados da USP, vai estudar alimentos como o guaraná, que já é conhecido por seus efeitos na prevenção e tratamento de doenças crônicas, como as cardiovasculares, câncer, diabetes e obesidade

Investigar o potencial de certos alimentos nativos do Brasil como componentes de um padrão alimentar protetor da saúde mental é o objetivo do Grupo de Pesquisa Alimentos, Nutrição e Saúde Mental, criado em março no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. A pesquisa leva em consideração o fato de que já são conhecidos os efeitos desses alimentos na prevenção e no tratamento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como as cardiovasculares, câncer, diabetes e obesidade. 

Coordenado pelas professoras da USP Elizabeth Aparecida Ferraz da Silva Torres, da Faculdade de Saúde Pública (FSP), e Flávia Mori Sarti, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), respectivamente coordenadora e vice-coordenadora, o grupo terá a duração de três anos, com atividades articuladas com parceiros acadêmicos ou não, nacionais e internacionais.

A perspectiva é que os trabalhos resultem em sugestões aos organismos governamentais envolvidos na elaboração de políticas públicas relacionadas com alimentação e saúde mental, além de publicações em veículos acadêmicos e ações de educação alimentar.

As coordenadoras ressaltam que o Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma questão de saúde pública relevante, dada sua prevalência ao longo da vida (de 4,4% a 20% da população em geral). “Estudos adicionais destacam essa enfermidade como uma das principais contribuintes para o impacto econômico relacionado aos gastos com saúde pública e à carga global de doenças projetada para o ano de 2030”.

No entanto, há uma elevada taxa de resistência terapêutica em relação ao TDM, “com notável incidência de suicídio em indivíduos não responsivos ao tratamento”, além de um ônus financeiro elevado para as pessoas nessa condição. Esse quadro impõe, afirmam, a necessidade premente de desenvolvimento de novas alternativas de intervenção terapêutica para a prevenção e controle do TDM.

Na proposta apresentada ao Conselho Deliberativo do IEA para criação do grupo, as pesquisadoras enfatizam que o consumo alimentar e a qualidade da dieta exercem impacto direto na função cerebral, tornando a dieta uma variável modificável para a manutenção da saúde mental, do humor e do desempenho cognitivo. Segundo elas, diversos estudos indicam que certos alimentos nativos do Brasil, como o guaraná, têm participação na redução de risco e controle de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, mas, surpreendentemente, dietas como a mediterrânea, a Dash (sigla em inglês para Abordagem Dietética para Controle da Hipertensão) e a fusão das duas, a chamada dieta Mind (sigla em inglês para Intervenção Mediterrânea-Dash para Atraso Neurodegenerativo), não incluem esses alimentos como potenciais promotores da saúde mental.

As coordenadoras destacam que evidências científicas recentes apontam a existência de uma relação direta entre a nutrição ao longo da vida e a saúde mental: “Indicam que a composição, estrutura e função cerebral estão intrinsecamente ligadas à disponibilidade de nutrientes apropriados, que desempenham papéis cruciais em processos metabólicos, incluindo a modulação de hormônios intestinais endógenos, neuropeptídeos, neurotransmissores e a regulação da microbiota intestinal”.

Outro aspecto a ser considerado é a associação entre níveis elevados de mediadores inflamatórios e o surgimento e progressão de transtornos neuropsiquiátricos, logo, compostos com propriedades anti-inflamatórias presentes em alimentos podem ser considerados possíveis auxiliares no controle do TDM, afirmam as pesquisadoras.Diante disso, elas julgam fundamental a condução de estudos com alimentos nativos do país ricos em compostos bioativos (polifenóis, carotenoides, minerais e vitaminas) para que seja definido um padrão alimentar brasileiro. “Isso permitiria a inclusão desses alimentos na rotina alimentar da população, possibilitando a produção de alimentos funcionais e suplementos alimentares que contribuam para a proteção da saúde mental”.

O projeto do grupo inclui a criação de grupos de discussão e a realização de workshops, seminários e webinars, com o objetivo de promover o diálogo intersetorial e a disseminação da educação em saúde. Além das sugestões a serem apresentadas a órgãos públicos, os resultados obtidos deverão resultar em livros técnicos e artigos a serem propostos a revistas científicas de alto impacto. Os trabalhos deverão ter divulgação via séries de podcasts, redes sociais e por intermédio dos meios de comunicações tradicionais.

Coordenação

Elizabeth Torres é professora associada do Departamento de Nutrição da FSP e colaboradora do Departamento de Alimentação e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Atua em quatro linhas de pesquisa da área de ciência e tecnologia de alimentos: lipídios, ácidos graxos, colesterol, fitoesterol e seu produtos de oxidação; antioxidantes e substâncias bioativas; carnes, aves e pescados; microssomos, lipossomos e sistemas-modelo. Flavia Mori Sarti é professora associada da EACH na área de economia e políticas públicas. Seus temas de interesse em pesquisa são: avaliação de tecnologias em saúde; avaliação econômica de programas em saúde; políticas públicas de saúde, alimentação e nutrição; marketing nutricional; cadeias de produção e padrões de consumo de alimentos.

.Por Mauro Bellesa da Assessoria de Comunicação do IEA/USP 

Reportagem publicada originalmente em Jornal.usp.br

CFF lança nova edição de Infarma – Ciências Farmacêuticas

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Já está disponível o volume 35, nº 4, da publicação do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Infarma Ciências Farmacêuticas.

Entre os temas apresentados nesta esta, está a evolução dos estudos acadêmicos sobre Farmácia Clínica no Brasil. A pesquisa “Antibacterianos e Automedicação em Nível Nacional”, fez uma revisão integrativa sobre a automedicação de antibacterianos, demonstrando os impactos para a saúde. Também é apresentada uma revisão da literatura acerca do uso de medicamentos por hipodermóclise no artigo “Hipodermóclise: uma revisão de evidências para auxiliar no cuidado ao paciente crítico”.

Já em outro artigo é feita uma revisão sobre o cuidado farmacêutico ao idoso na assistência domiciliar, em uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Em Ananindeua, no Pará, o uso de anti-inflamatórios não esteroidais por universitários foi levantado por pesquisadores da Universidade da Amazônia (UNAMA). Finalmente, Schuring et al., analisam o impacto da Farmácia Clínica como temática na produção acadêmica brasileira de 2001 a 2021.

Ainda nesta edição, a Infarma trata sobre a formulação de alisantes capilares no artigo “Identificação e quantificação de formaldeído livre em alisantes capilares”. O texto relata as análises qualitativas, semiquantitativas e quantitativas para formaldeído em amostras de alisamento capilar recolhidas em um salão de beleza da Zona Norte de Porto Alegre, RS. Já o estudo sobre o açaizeiro, buscou investigar a caracterização física, bromatológica e fitoquímica do fruto da Euterpe oleracea Mart.

Clique aqui e leia todos os artigos. Faça seu cadastro.

Notícia publicada originalmente em CFF.org.br

VII ABCF Congresso destaca o papel das Ciências Farmacêuticas

A Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) realizará o VII ABCF Congresso, de 11 a 14 de novembro de 2024, no Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis.

O evento é realizado a cada dois anos e esta edição terá como tema “Pharmaceutical sciences in promoting technological innovation to guarantee healthcare access”, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 e 9 definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e na Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Ambos os documentos colocam as Ciências Farmacêuticas como ponto fundamental para o desenvolvimento do país.

O ODS 3 (Saúde e Bem-estar) visa garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todas as pessoas, em todas as idades. Já o ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura) visa construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

Além disso, o Congresso também traz para suas discussões as premissas e as ações decorrentes do Decreto 11.715.23, que estabelece a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, criado com a finalidade de orientar os investimentos públicos e privados nos segmentos produtivos da saúde e em inovação, buscando soluções produtivas e tecnológicas para enfrentar desafios na área, reduzir a vulnerabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar o acesso aos serviços públicos de saúde no Brasil.

Com base nesses fundamentos, o VII ABCF Congresso tem como objetivo ampliar o debate com pesquisadores, universidades e instituições científicas para integrar políticas públicas do setor e contribuir com soluções inovadoras oriundas das Ciências Farmacêuticas, promovendo troca de experiências, networking, discussões e atualizações essenciais entre pesquisadores, profissionais e especialistas.
As inscrições e submissão de trabalhos para o congresso podem ser feitas a partir de 6 de maio, por meio do site oficial do evento. Associados da ABCF têm quase 50% de desconto na inscrição.

Agenda

Inscrições: 06/05

Submissão de Resumos: 06/05 a 23/06

Prazo para Avaliação dos Resumos: 05/08

Prazo de pagamento da Inscrição para Confirmação do Resumo: 30/09

ABCF Congress – 11 a 14/11

Para mais informações e inscrições, visite o site oficial do evento em www.congress.abcfarm.org.br.

Sobre a ABCF

A Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) é uma organização dedicada à promoção e desenvolvimento das Ciências Farmacêuticas no Brasil. A ABCF tem uma história de compromisso com a excelência acadêmica e a inovação na área farmacêutica, a ABCF busca impulsionar avanços significativos no setor e contribuir para a melhoria da saúde e bem-estar da população.

ABCF inicia campanha para renovação de associação e captação de novos associados e prepara mais uma edição de seu congresso para este ano

A Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) tem como missão fundamental apoiar pesquisadores e agregar valor por meio de ações coletivas com órgãos de governo e outras instituições do setor.

Para 2024, a ABCF começa o ano motivada em realizar o seu Congresso, o maior em Ciências Farmacêuticas deste ano. A sétima edição do evento, que tem abrangência internacional, será realizada em Florianópolis/SC, entre os dias 11 e 14 de novembro. Outra ação importante para este ano é a ampliação no número de associados. A ABCF iniciou uma campanha voltada a profissionais que ainda não fazem parte da associação e também uma iniciativa para a renovação da associação de seus membros atuais.

Por que ser um associado ABCF

Por meio dessa representação, a ABCF fortalece e amplia as ações em prol das Ciências Farmacêuticas junto aos diferentes órgãos acadêmicos e científicos, participando de debates de questões políticas e sociais do setor, fomentando o desenvolvimento e o financiamento da pesquisa científica, organizando e apoiando eventos científicos e promovendo a integração dos profissionais e pesquisadores, desde a graduação até os estágios mais avançados da carreira.

Confira abaixo algumas razões para ser associado da ABCF:

  • Presença: participar do fortalecimento das ações das Ciências Farmacêuticas junto a diferentes órgãos acadêmicos, científicos e governamentais do país.
  • Representação: atuar em debates de questões políticas e sociais da área farmacêutica, com destaque para o fomento à pesquisa científica.
  • Possibilidades: obter descontos na inscrição em congressos e na aquisição de produtos e serviços de empresas parceiras.
  • Relacionamento: manter um relacionamento qualificado e produtivo com os melhores pesquisadores e profissionais do país, em nível local, regional e nacional, por meio de inúmeras oportunidades de networking com colegas, especialistas e líderes de mercado.

Como se associar

Para renovar a associação, basta clicar no link abaixo:

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Na Área do Associado, você escolhe o meio de pagamento, paga a taxa e pronto: com isso, você é um membro da ABCF e integra uma rede de profissionais engajados na Ciências Farmacêuticas.

Congresso ABCF

A sétima edição do ABCF Congress, o congresso internacional da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas, será realizada entre 12 e 14 de novembro de 2024, em Florianópolis, Santa Catarina. O tema principal do evento é “Pharmaceutical sciences in promoting technological innovation to guarantee healthcare access”. O planejamento está em andamento, as inscrições e a e a submissão dos trabalhos científicos começam em maio.

Um dos principais eventos científicos do setor, o ABCF Congress teve sua primeira edição em 2012, em Porto de Galinhas (PE). Desde então, o congresso já passou por cidades como Búzios (RJ), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Em 2020, o evento foi realizado de forma virtual devido à pandemia da COVID-19. A mais recente edição, em 2022, foi realizada em Brasília (DF)

“A última edição do ABCF Congress realizada em novembro de 2022 aqui em Brasília foi um sucesso, apesar de nossa apreensão por ter sido um dos primeiros eventos científicos totalmente presencial pós-pandemia. Recebemos 33 palestrantes nacionais e internacionais e o congresso contou com 400 participantes, entre pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação de Farmácia e áreas afins.”

Uma novidade para incentivar a participação dos pós-graduando na edição de 2024 é a campanha “ABCF leva você ao VII ABCF Congress 2024, em Floripa, com tudo pago!”. O programa de pós-graduação com maior número de associados à ABCF até o dia 31 de maio de 2024 ganhará uma viagem para o Congresso da ABCF com as despesas pagas. O objetivo principal da ação é promover a participação ativa dos programas de pós-graduação na ABCF, fortalecendo a associação e a conexão entre os pesquisadores.

Os estudantes devem preencher os dados para associação no site da ABCF, pagar a anuidade e pronto, o programa de pós-graduação já está participando da premiação. Vale ressaltar que quanto mais um programa de pós-graduação se associar à ABCF durante o período da ação, maiores serão as chances de ganhar o prêmio.

A coordenação do programa de pós-graduação ficará responsável em destinar o prêmio que consiste na inscrição, passagem aérea e hospedagem para o ABCF Congress 2024, que será realizado em Florianópolis.

O regulamento pode ser consultado aqui.

Rede em nuvem pode identificar bactérias em segundos

Nova ferramenta funciona como um banco de dados mundial de livre acesso a mais de 100 milhões de informações químicas de microrganismos

A espera por resultado de culturas bacterianas em fluidos biológicos pode ficar no passado com as novas tecnologias de informática. Um grupo de cientistas, brasileiros e de outros 14 países, acaba de lançar uma ferramenta que promete identificar rapidamente os microrganismos, particularmente bactérias, que infectam humanos e animais ou contaminam alimentos e o meio ambiente. Trata-se do MicrobeMASST, uma rede em nuvem, gerenciada por diferentes programas, que compara informações químicas de microrganismos, buscando pela identidade em um banco de dados mundial de livre acesso.

O feito envolve 15 países e 25 laboratórios diferentes, sete deles brasileiros, sendo três da USP, e reúne mais de 100 milhões de dados vindos de quase 61 mil análises químicas microbianas. A amostragem, segundo um dos responsáveis pelos trabalhos no Brasil, o professor Norberto Peporine Lopes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, é referenciada em 1.300 espécies, mais de 500 gêneros e mais de 260 famílias de bactérias e gerenciada por sistemas que facilitam a rápida identificação de agentes bacterianos.

A grande vantagem da ferramenta, argumenta o pesquisador, está justamente no curto período de tempo – alguns segundos – para o reconhecimento de um microrganismo que “muitas vezes tem que ser cultivado antes de ser analisado”. Como exemplo, Lopes lembra a importância vital de identificar uma bactéria para o início do tratamento de uma infecção.

Norberto Peporine Lopes – Foto: Arquivo Pessoal


Para além do interesse de toda a área de saúde, a identificação desses microrganismos serve a diferentes setores. Da agronomia (patógenos do solo ou plantas) à arqueologia, passando pela exploração de regiões menos exploradas do Planeta (como a Antártida), pela área alimentícia e a forense, a ferramenta deve servir a qualquer área que necessite descobrir rapidamente quais famílias de microrganismos uma amostra muito pequena contém.

Ao invés do genoma, massa e estrutura químicas

O MicrobeMASST é alimentado por dados de repositórios públicos como o da própria Rede Mundial de Material Molecular de Produtos Naturais (GNPS sigla em inglês), plataforma criada em 2015 pelo mesmo grupo de cientistas que reúne informações das mais diferentes substâncias químicas existentes no Planeta. Segundo os pesquisadores, a ferramenta preenche lacunas de outros bancos de dados públicos e comerciais que são limitados a modelos que usam o genoma e não a massa e estrutura químicas.

Para abarcar ao máximo o potencial metabolômico (grande diversidade química resultante do metabolismo) dos microrganismos, a nova ferramenta trabalha amostras de espectros que são fornecidos pela técnica de espectrometria de massa. Esses espectros são resultados de análises químicas de substâncias de cada amostra obtidos pela técnica, “que funciona como uma balança de moléculas que mede a massa de uma substância orgânica”, conta o professor Lopes.

A substância orgânica, continua o professor, possui massa constituída e é formada por ligações entre átomos, “por exemplo, carbono com carbono, carbono com oxigênio”. Assim, além do peso molecular, a espectrometria também fornece informações das diversas partes da molécula, ou seja, “as conectividades são quebradas após a pesagem da amostra e com isso podemos montar esse quebra-cabeça”. Assim, completa ele, a espectrometria de massas fornece duas informações: “A massa, que popularmente chamamos, de forma errônea, de peso, e quais são as ligações existentes entre os átomos, que é característica de cada uma das substâncias químicas.”

Central da USP é a maior da América Latina

Os três laboratórios da USP responsáveis pela nova ferramenta são os da professora Letícia Lotufo, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB); da professora Mônica Tallarico Pupo, da FCFRP, e o do professor Lopes, responsável pela Central de Espectrometria de Massas de Micromoléculas Orgânicas da FCFRP, que gerou parte dos dados espectrais do estudo.

Além da USP, a criação do MicrobeMASST contou com a participação do Instituto de Ciências do Mar da Unifesp, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, da Escola Superior de Ciências de Saúde da Universidade do Estado do Amazonas e da Embrapa Amazônia Ocidental.

“Todos esses brasileiros colaboraram muito com o cultivo e caracterização de bibliotecas de microrganismos e, no meu caso, o trabalho maior foi com a ferramenta da espectrometria de massas”, informa Lopes, acrescentando que a Central Espectrometria da FCFRP, denominada CEMMO, hoje “é, seguramente, a maior em atividade para análise de substâncias orgânicas de baixa massa molecular da América Latina”.

Os detalhes do trabalho realizado pelo grupo de cientistas podem ser conferidos no artigo que acaba de ser publicado pela Nature Microbiology.

Mais informações: e-mail cemmo@fcfrp.usp.br, com Norberto P. Lopes

Reportagem publicada originalmente em Jornal da USP.

Pesquisa vai avaliar uso de antimicrobianos pela população brasileira

CFF é parceiro do estudo, desenvolvido pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS). Farmacêuticos podem e devem contribuir

A resistência antimicrobiana é considerada uma das maiores ameaças para a saúde global e, na América Latina, já se observa uma tendência crescente de resistência em infecções comunitárias e hospitalares. De acordo com a previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050 a resistência bacteriana poderá estar associada a 10 milhões de mortes anuais. Atualmente, estima-se que pelo menos 700 mil pessoas morrem por ano no mundo devido a esse problema. (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2019).

O aumento da resistência antimicrobiana é influenciado principalmente pelo uso indiscriminado de antimicrobianos e durante a pandemia do Covid-19, o seu uso atingiu níveis alarmantes. Algumas estratégias da OMS têm buscado conhecer os fatores que têm aumentado a resistência antimicrobiana em diferentes países e estabelecer políticas de saúde com a finalidade de reduzir essa ameaça. Assim, está em curso, no Brasil, uma pesquisa on-line sobre o uso desses medicamentos.

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) é parceiro no estudo conduzido pela PAHO/OPAS – Organização Pan-americana de Saúde e coordenado pela professora pesquisadora Dra. Patrícia Sodré, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Também participam pesquisadores e instituições como a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Estadual de Londrina (UEL), além do Centro de Farmacologia (CUFAR) da Universidade Nacional de La Plata, da Argentina.

Para responder o formulário, basta acessar o link – https://redcap.link/gd15zgai.

A proposta da pesquisa está embasada em projeto mestre elaborado pelo CUFAR, a partir do desejo da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) em comparar resultados na América Latina e Caribe. “Seu objetivo é identificar os antibióticos que estão sendo utilizados na população brasileira maior de 18 anos, assim como os fatores que influenciam seu uso”, explica a coordenadora do estudo. “Isso, porque o consumo difere entre regiões e se modifica no decorrer do tempo em função das mudanças do perfil saúde/doença e das políticas públicas existentes”, acrescenta.

De acordo com Patrícia Sodré, as investigações locais permitem identificar, monitorar e produzir informações sobre uso de medicamentos pela população. “Além disso, estudar a utilização de antibióticos pode ajudar a compreender os aspectos multifatoriais envolvidos e suas implicações na saúde”, acrescenta Mônica Meira, conselheira federal de Farmácia pelo estado de Alagoas. “É uma forma de direcionar estratégias na perspectiva da otimização dos recursos existentes, da garantia do acesso e da promoção do uso racional, visando à instituição de políticas de saúde que restrinjam o uso inadequado de antimicrobianos, como forma de prevenir a falência dos esquemas terapêuticos atuais”, destaca.

O presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter Jorge João, conclama todos os farmacêuticos do Brasil a participar da pesquisa e a incentivar seus pacientes a também colaborar. “Convidamos todos a contribuir! Ajudem a divulgar para outras pessoas de seu círculo de relacionamento, sejam elas outros farmacêuticos, familiares, amigos, vizinhos ou funcionários.” Mais informações sobre a pesquisa podem ser obtidas pelo endereço de e-mail: projetousodeantibioticos@gmail.com.

Reportagem publicada originalmente em CFF.org.br

Pesquisadora da UFG recebe Prêmio Internacional por avanços em Nanotecnologia Farmacêutica

As descobertas realizadas abrem caminhos para o futuro uso de nanopartículas em doenças pulmonares

A egressa do Doutorado em Rede em Nanotecnologia Farmacêutica, Kamila Bohne Japiassú, recebeu o prêmio de tese 2023 da Academia de Farmácia da França. A conquista é resultado de uma colaboração estratégica entre a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade de Paris Saclay, impulsionada pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) e pelo acordo de cotutela firmado entre as instituições.

A conquista e o reconhecimento internacional recebido pela pesquisadora demonstra a importância que a universidade e suas pesquisas tem projetado no cenário mundial, com seus projetos e parcerias. A pesquisa, focada em nanopartículas lipídicas, revela potenciais aplicações no tratamento de doenças pulmonares, tendo adquirido ainda mais relevância em meio à pandemia de Covid-19.

Os estudos desenvolvidos sublinham a importância da internacionalização na UFG, com destaque para o comprometimento em proporcionar oportunidades de mobilidade acadêmica aos seus pesquisadores. A pesquisa de Kamila fortalece os princípios e práticas da universidade como um polo de inovação e excelência em ciências farmacêuticas, posicionando-a assim como uma protagonista na vanguarda da pesquisa científica global, ampliando suas conexões e possibilitando colaborações que reverberam positivamente para o âmbito da pós-graduação e para a formação de profissionais altamente capacitados.

Em entrevista à PRPG, a pesquisadora revela não apenas as contribuições científicas promovidas, mas aborda também o papel que desempenha no Centro de Pesquisa Avançada da L’Oréal em Paris, no qual lidera projetos clínicos na equipe de Pesquisa Clínica e Biofísica. A conversa reitera a importância da conexão entre pesquisa acadêmica e indústria e destaca não apenas a versatilidade da pesquisadora, mas também como suas descobertas têm o potencial de impactar a sociedade. Confira a entrevista na íntegra a seguir.

Foto: arquivo pessoal da pesquisadora Kamila Bohne Japiassú.

Como surgiu a oportunidade de realizar o período sanduíche na Universidade de Paris Saclay e como essa experiência influenciou sua pesquisa?

A oportunidade de desenvolver parte da minha tese de doutorado na Paris-Saclay foi viabilizada através da colaboração da minha orientadora, professora Eliana Martins Lima, coordenadora do FarmaTec-UFG e da Dra. Thais Leite Nascimento (também egressa do FarmaTec e atualmente professora visitante do PPGCF) com o professor Elias Fattal, diretor do Instituto Galien Paris-Saclay e financiada pelo programa de Doutorado Sanduíche no exterior da Capes. Essa colaboração me permitiu trabalhar com alguns dos melhores pesquisadores da área e desenvolver meu conhecimento sobre formulação e caracterização de nanopartículas, bem como sobre biologia molecular e celular. Também pude estudar a biodistribuição e a eficácia das nanopartículas lipídicas desenvolvidas em modelos ex vivo e in vivo de inflamação pulmonar em camundongos.

Quais são as principais descobertas ou contribuições da sua pesquisa?

A primeira parte da tese sobre lipossomas para o direcionamento de células foi publicada no Journal of Control Release (DOI: 10.1016/j.jconrel.2022.10.006) – (fator de impacto 11,46), enquanto um segundo estudo sobre a eficácia anti-inflamatória dessas nanopartículas lipidicas foi publicado no International Journal of Pharmaceutics (DOI: 10.1016/j.ijpharm.2023.122946) – (fator de impacto 6,51). Além da colaboração entre França e Brasil, a tese também me permitiu coparticipar de outros trabalhos sobre modificação de superfície e reconhecimento celular com laboratórios internacionais, como equipes na Itália e na Espanha, com as quais também publiquei dois artigos no International Journal of Molecular Sciences (DOI:10.1111/bph.15898) – (fator de impacto 6,21) e no British Journal of Pharmacology (DOI:10.3390/ijms22147743) – (fator de impacto 9,47).

De que forma os estudos desenvolvidos podem impactar a indústria e a prática clínica?

O trabalho desenvolvido é interdisciplinar e na fronteira entre a nanotecnologia farmacêutica e a biologia. Durante a tese procurei entender o impacto da química da superfície dos lipossomas em seu destino após a administração pulmonar. Como resultado, meu trabalho oferece alguns caminhos muito interessantes para melhorar a biodistribuição de nanopartículas nos pulmões e o direcionamento específico de macrófagos alveolares, aspectos fundamentais para o possível uso futuro de nanopartículas em doenças pulmonares.

Qual a importância do reconhecimento da Academia de Farmácia da França com o Prêmio de Tese 2023 para sua pesquisa e para a pós-graduação da UFG de forma geral?

O reconhecimento internacional aumenta a visibilidade da pesquisa iniciada na UFG e abre portas para diversas oportunidades futuras. Além de facilitar na construção de redes e parcerias com pesquisadores e profissionais de todo o mundo, as colaborações internacionais podem levar a projetos de pesquisa mais abrangentes, compartilhamento de conhecimento e acesso a recursos que podem não estar disponíveis em um contexto nacional.

Quais foram os principais desafios e aprendizados vivenciados durante a elaboração da pesquisa?

Sem dúvidas foi enfrentar a pandemia longe do Brasil, com o período de maiores restrições tendo iniciado apenas 5 meses após minha chegada em Paris. A França fez um confinamento severo de quase 2 meses e isso impactou diretamente na realização dos experimentos da tese. Como aprendizado ficou sobretudo a melhora na capacidade de adaptação a desafios e mudanças, e ainda tivemos que submeter um pedido de prorrogação de estadia à Capes para que fosse possível a finalização dos experimentos in vivo na França.

Como essa experiência internacional contribuiu para o desenvolvimento da sua carreira e pesquisa?

A experiência internacional contribuiu significativamente para o desenvolvimento da minha carreira e pesquisa de várias maneiras. As colaborações internacionais trouxeram novas perspectivas para a pesquisa e proporcionaram acesso a recursos específicos, o que acelerou o progresso do trabalho. Sem contar com a promoção da experiência multicultural e o desenvolvimento de competências linguísticas.

Quais são as expectativas futuras para a pesquisa desenvolvida? Em que medida sua pesquisa em nanotecnologia farmacêutica tem o potencial de impactar positivamente a sociedade?

Durante a tese criamos um modelo murino de inflamação pulmonar e sua análise por citometria de fluxo e transcriptômica, o que nos permitiu fazer uma avaliação detalhada do destino dos lipossomas in vivo. O modelo e as técnicas desenvolvidas agora estão sendo usados por outros alunos em projetos relacionados. Ainda, foram produzidas 4 publicações científicas, todas em jornais extremamente relevantes para o domínio das ciências farmacêuticas. Isso sem dúvidas leva a continuidade da pesquisa com os lipossomas desenvolvidos não só utilizando a dexametasona como também outras moléculas ativas na prevenção ou tratamento de outras doenças. É importante destacar que a inovação em formulações para administração pulmonar ganhou mais relevância e destaque em função da Covid19, e esta via de administração, assim como formulações desenvolvidas para esta finalidade tem sido objeto de estudos aprofundados do grupo de pesquisa da Profa. Eliana Lima na UFG e muitos resultados impactantes estão sendo produzidos.

Pode compartilhar um pouco sobre sua função no Centro de Pesquisa Avançada da L’Oréal em Paris?
Como parte integrante da Divisão de Pesquisa e Inovação do Grupo L’Oréal, a missão da Pesquisa Avançada (RAV) é aproveitar os principais conhecimentos científicos sobre pele e cabelo (Descoberta) e desenvolver novas matérias-primas, moléculas ou ingredientes ativos (Invenções) para a beleza do futuro. Na RAV, faço parte da equipe de Pesquisa Clínica e Biofísica e, como chefe de projetos clínicos, tenho a missão de coordenar e conduzir estudos clínicos de conhecimento e prova de conceito para a avaliação de novas moléculas ativas. Minha formação na UFG, da graduação em Farmácia ao Doutorado em Nanotecnologia Farmacêutica é a maior parte da minha bagagem e capacitação para o desempenho de minhas atividades em um centro de pesquisa avançado de uma das maiores empresas do mundo e a maior do ramo de skin care.

De que maneira sua formação em nanotecnologia farmacêutica se alinha com as atividades desenvolvidas na L’Oréal?

A formação em nanotecnologia farmacêutica pode agregar uma perspectiva inovadora e técnica ao papel de chefe de projetos clínicos na indústria. Isso porque a nanotecnologia envolve frequentemente colaborações entre profissionais de diversas áreas, como química, biologia e engenharia, o que auxilia na gestão de equipes multidisciplinares dentro e fora da indústria, além de contribuir para uma compreensão mais aprofundada dos aspectos clínicos relacionados à segurança e eficácia de produtos.

Foto: arquivo pessoal da pesquisadora Kamila Bohne Japiassú.

Reportagem publicada originalmente em pos.ufg.br