Laboratório do IPEN/CNEN contribui para a atualização da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA)

Convênio firmado com a Faculdade de Farmácia da USP explora expertise do Laboratório de Análises Química e Ambiental do IPEN (LAQA) para identificar dez minerais em alimentos.

O projeto de pesquisa intitulado “Determinação de contaminantes inorgânicos (minerais) em alimentos” que vem sendo desenvolvido por meio de um convênio firmado em 2023 entre o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN, unidade técnico-científica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) está contribuindo para atualizar a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA).
O objetivo principal do convênio consiste em aprimorar e aplicar as metodologias analíticas em alimentos, cujos dados obtidos serão disponibilizados na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, sendo as análises realizadas no Laboratório de Análises Química e Ambiental (LAQA) do Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA/IPEN).

O coordenador do projeto no IPEN, pesquisador João Cristiano Ulrich, explica que na prática o Ipen está recebendo o material encaminhado pela USP para análise, como temperos, carnes, plantas comestíveis, entre outros alimentos, por meio das metodologias e equipamentos disponíveis no laboratório do IPEN. As análises identificam e medem as quantidades de alguns minerais como Cálcio, Ferro, Sódio, Magnésio, Fósforo, Potássio, Manganês, Zinco, Cobre, Selênio, presentes nas amostras.

“Nós já recebemos dois lotes de amostras para tratamento e processamento para identificarmos a existência e as quantidades destes minerais. Após as análises elaboramos um relatório e repassamos os dados ao Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center/FoRC) na USP e estes disponibilizam as informações nas atualizações da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TBCA”, destacou João Ulrich.

O pesquisador, que é o responsável direto pelas análises, destaca que o laboratório de análises Química e Ambiental do IPEN é um dos poucos em São Paulo que se dispôs e tem condições de executar todo o processo de identificação de minerais em um único local, desde o processamento das amostras, o que requer uma digestão por sistema de micro-ondas com a ajuda de ácidos, até a leitura dos minerais a partir da amostra líquida que é pulverizada em um espectrômetro de emissão ótica que identifica e quantifica os minerais presentes em cada amostra.

O diferencial deste estudo é o nível de detalhamento das informações geradas sobre cada amostra que é analisada, em duas ou mais versões: in natura, cozida, refogada ou frita dependendo do material. Desta forma é possível conhecer a presença dos minerais em diferentes situações.

Segundo a nutricionista e pesquisadora do FoRC, Eliana Bistriche Giuntini, que trabalha com avaliação e compilação de dados de composição de alimentos e gerencia a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da USP, sendo uma das pesquisadoras envolvidas na parceria com o IPEN para a realização de análise de minerais em alimentos, as informações obtidas a partir deste convênio servirão como referência no Brasil para compor os rótulos de produtos que necessitam apresentar as composições por miligrama (mg) nas tabelas de informações nutricionais de todo alimento embalado e comercializado.

“Dados de composição química de alimentos, e sua apresentação em Tabelas de Composição de Alimentos, são importantes porque permitem fazer avaliação de consumo alimentar de populações e esses dados fornecem subsídios para estudos relacionando nutrientes, saúde e doença, para determinar recomendações de ingestão de nutrientes, propor políticas públicas visando a segurança alimentar, além da prescrição de dietas. Esses dados também são usados como base no desenvolvimento de produtos, avaliação de novas formas de plantio, cruzamento de variedades e espécies, por exemplo, porque a composição depende de vários fatores, incluindo, variedade solo e clima”, esclarece Eliana Giuntini.

A pesquisadora ainda explica que os dados obtidos a partir das análises são inseridos na TBCA na forma bruta, como ingrediente, e podem ser usados pela população e por profissionais da área de Nutrição e ainda das áreas de Saúde e Engenharia. “Os dados desses ingredientes são utilizados para estimar a presença dos minerais nas preparações consumidas pela população brasileira, que em sua maioria são calculadas a partir de receitas com dados analíticos de seus ingredientes”, concluiu a pesquisadora.

Para João Cristiano participar desse projeto de pesquisa é muito importante tanto para ele enquanto pesquisador quanto para o CEQMA e o IPEN. “Além de realizar pesquisas nosso objetivo aqui no IPEN é gerar benfeitorias para a sociedade, exatamente como os resultados deste trabalho com a TBCA”, finaliza.

Sobre o CEQMA

O Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA) do Ipen promoveu nos últimos anos a união de três fatores primordiais para colaborar na segurança e com pesquisas na área de alimentos, a aquisição e manutenção de equipamentos de ensaio, treinamento de seus colaboradores e a implementação do sistema de gestão da qualidade em laboratórios baseado na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025.

Com estas ações garante o desenvolvimento, validação e implantação de metodologias analíticas direcionadas para a determinação de contaminantes inorgânicos em alimentos, bem como de minerais em geral. Além de contribuir de modo inequívoco para o aprimoramento da TBCA, o projeto está colaborando para a formação de profissionais e ampliação de serviços analíticos oferecidos pela Instituição.
Centro de Pesquisa em Alimentos – FoRC

A missão do Centro de Pesquisa de Alimentos é melhorar e promover a saúde e o bem-estar através da pesquisa, educação e inovação em ciência dos alimentos. Os objetivos são realizar pesquisas básicas avançadas e aplicação interdisciplinar da ciência dos alimentos; estabelecer e fortalecer alianças com organizações profissionais que possuam objetivos compatíveis; educar comunidades diversas comrelação à ciência dos alimentos, nutrição e saúde; promover o crescimento profissional e desenvolvimento de professores, estudantes e profissionais nessas áreas.

A criação do FoRC foi uma iniciativa dos pesquisadores da USP no sentido de serem pioneiros na concepção do primeiro centro de pesquisa focado em alimentos e nutrição no Brasil. Além disso, ele explora o fato da nutrição e saúde apresentarem um caráter multidisciplinar, empreendendo diferentes contextualizações que os vários perfis de profissionais podem elaborar acerca de um mesmo tema.

A Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA) é um produto do trabalho conjunto dos pesquisadores do FoRC, que permeia a ciência, a inovação e a disseminação do conhecimento.

O projeto, iniciado em 1998 na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, passou a ser coordenado pelo FoRC e foi totalmente reformulado. Atualmente, a versão 7.2 contém dados de mais de 5.700 alimentos, sendo mais de 4000 preparações, dos diferentes tipos de alimentos (preparação com alteração de textura, sem glúten, sem lactose e/ou vegana e vegetariana), com o objetivo de permitir a avaliação da ingestão de nutrientes e facilitar a avaliação do consumo alimentar, além da elaboração de planos alimentares da população brasileira.

Saiba mais sobre o Centro de Pesquisa em Alimentos – FoRC, aqui.

Saiba mais sobre a TBCA, aqui

Ulysses Varela – Jornalista Científico – Bolsista BGE-DA/IPEN-CNEN

texto originalmente publicado em ipen.br

Diabetes: Unicentro desenvolve medicamento oral para substituir injeções

Um estudo científico desenvolvido na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) busca auxiliar o tratamento de pacientes de diabetes tipo 2, uma doença crônica que afeta a forma como o corpo processa o açúcar do sangue, a chamada glicose. O tratamento dessa condição clínica consiste no controle da glicemia com uso de medicamentos orais e injetáveis, associado com a prática regular de exercícios físicos e uma alimentação balanceada.

A Federação Internacional de Diabetes (IDF), organização que reúne mais de 240 associações relacionadas à doença em mais de 161 países, estima que a prevalência dessa condição clínica no Brasil é de 10,5%, sendo a maioria, cerca de 90%, do tipo 2. A doença ocorre quando o organismo humano não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia.

A pesquisa da instituição ligada ao Governo do Estado objetiva a substituição de medicamentos injetáveis por uma formulação oral em pacientes com o quadro avançado da doença. Desenvolvido no Departamento de Farmácia da Unicentro, o estudo propõe utilizar nanopartículas para proteger as moléculas do remédio durante a passagem pelo trato gastrointestinal, possibilitando a liberação prolongada do fármaco proteico no sangue.

Atualmente, pacientes que não respondem aos tratamentos medicamentosos convencionais precisam recorrer à combinação de insulina e liraglutida, um sintético injetável que reduz o índice glicêmico. As duas injeções precisam ser aplicadas diariamente, procedimento incômodo, desconfortável e até doloroso. A pesquisa paranaense resulta num medicamento que contém insulina e liraglutida e que pode ser ingerido por via oral em forma líquida, de modo que as nanopartículas transportam as substâncias pelo organismo humano.

Segundo a coordenadora da pesquisa, professora Rubiana Mara Mainardes, as nanopartículas atuam para proteger as moléculas do fármaco do meio ácido estomacal e das enzimas digestivas. “Assim como temos comprimidos e cápsulas que transportam moléculas, trabalhamos com as nanopartículas, que têm tamanho muito pequeno e apresentam uma série de vantagens no organismo humano, para que essas estruturas sejam mais vantajosas para os pacientes”, explica a doutora em Ciências Farmacêuticas.

O projeto de pesquisa conta com financiamento do Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária, principal instituição de fomento científico paranaense, vinculada à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). O estudo também recebeu recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Foto: Divulgação Unicentro

Estudo – O estudante de doutorado Jeferson Ziebarth participa do projeto como bolsista ligado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Unicentro. Com a supervisão da professora Rubiana Mainardes, o pesquisador desenvolve experimentos no Laboratório de Formulações Nanoestruturadas.

O estudo segue uma metodologia verde com abordagem baseada em proteínas vegetais, que é mais sustentável, de baixo custo e sem uso de solventes orgânicos, devido ao risco de resíduos tóxicos prejudiciais à saúde humana.

Mestre em química, Jeferson Ziebarth comenta sobre a relevância desse estudo acadêmico. “Essa pesquisa tem grande relevância para a sociedade, pois busca novas alternativas para o tratamento do diabetes pela via oral, e os resultados das análises, até então, são bastante animadores”, pontua o estudante.

Foram analisadas as proteínas do milho e da soja, que demonstraram eficácia em características de resistência ao suco gástrico, o principal agente da digestão de proteínas pelo estômago. Elas mostraram um potencial significativo para o transporte de moléculas instáveis nesse ambiente, como insulina e liraglutida. Na prática, a utilização dessas substâncias vegetais proporciona uma forma estável de proteção para essas moléculas.

Na primeira etapa, a pesquisa avaliou as características farmacológicas no transporte do medicamento pelas nanopartículas em quantidade suficiente para o tratamento da doença. Na fase seguinte, os pesquisadores analisaram a resistência de nanopartículas ao ambiente gástrico e às enzimas digestivas.

O terceiro estágio dos experimentos constatou a eficácia do processo, comparáveis com os injetáveis convencionais. Parte dessa etapa foi conduzida em parceria com a doutora em Bioquímica Amanda Baviera, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, no interior de São Paulo.

A professora Rubiana Mainardes comenta sobre o estágio atual da pesquisa, que resultou em dois artigos científicos. “Agora estamos tratando os dados, fazendo todas as estatísticas, discutindo e procurando entender melhor os resultados”, salienta. “Como tivemos resultados muito bons, vamos pensar no desenvolvimento de um protótipo dessa formulação”.

(Foto: Divulgação Unicentro)

A docente reforça a importância da ciência para os avanços na área da saúde, como medicamentos, tratamentos e vacinas. “Obviamente o desenvolvimento de um país depende muito da pesquisa científica, o que torna necessário o incentivo governamental, inclusive para que mais alunos ingressem na pesquisa científica nas mais diferentes áreas do conhecimento”, salienta a pesquisadora.

O intuito é patentear a inovação para começar a produção em larga escala na indústria farmacêutica e disponibilizar, no futuro, o medicamento para os pacientes que vivem com a diabetes tipo 2.

Com informações da Agência Estadual de Notícias.

Reportagem publicada originalmente em unicentro.com.br.

Corantes da indústria têxtil podem afetar a visão de peixes

Foto: reprodução do artigo

Laboratório da USP em Ribeirão Preto analisa impactos dos corantes identificados nos corpos d’água

Secas, inundações, ondas de calor, nevascas. Apesar da perplexidade diante das tragédias ambientais, a compreensão da estreita relação entre ação humana e a natureza parece distante. Mas, bem próximos das cidades, rios contaminados por resíduos de corantes podem afetar o desenvolvimento da estrutura ocular de peixes, como foi verificado em estudos com animais em laboratório. A culpa, segundo resultados de pesquisa recém-publicada, é de corantes vermelhos, compostos químicos utilizados em grande escala pela indústria têxtil.

Esta é a primeira vez que se observa a cegueira por ação de corantes químicos e o alerta vem de grupo de pesquisa da USP em Ribeirão Preto, que avaliou efeitos de três corantes vermelhos – o Disperse Red 60 (DR 60), o DR 73 e o DR 78 – em larvas e embriões de zebrafish, espécie ornamental de peixe também conhecida como paulistinha, mantidos em laboratório. “No caso particular do DR 60 a possibilidade de afetar diretamente os olhos das larvas é de grande preocupação ambiental, mas também do ponto de vista da saúde humana”, afirma Bianca de Arruda Leite, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, que realiza seu doutorado sob orientação da professora Danielle Palma de Oliveira, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP e com a colaboração do professor Carlos Gravato, da Universidade de Lisboa, Portugal.  

As anomalias encontradas nas larvas do zebrafish, conta a professora Danielle de Oliveira, preocupam por ser este um modelo amplamente utilizado pela comunidade científica para estudar os processos de desenvolvimento em vertebrados. Além das facilidades do manuseio em laboratório, “aproximadamente 70% dos genes humanos têm pelo menos um ortólogo (genes de espécies diferentes que têm um único gene ancestral comum) do zebrafish”. Com isso, esse organismo “tem sido amplamente empregado como modelo no estudo de doenças humanas”.  

Os problemas de visão chamaram a atenção nos estudos com animais de laboratório, mas não foram os únicos; os testes mostraram ainda alterações no comportamento de locomoção após exposição aos corantes. As concentrações de corantes testadas equivalem às encontradas em amostras de rios que recebem efluentes de indústrias. Mas, asseguram os pesquisadores, os resultados foram observados mesmo em baixas concentrações e servem de alerta para uma maior atenção das autoridades sanitárias quanto ao registro e liberação de novos corantes no meio ambiente.

A reportagem completa pode ser acessada aqui.

Brasil aprova Participação Social em Saúde na OMS com auxílio de pesquisadora da UFSC

A 77ª Assembleia Mundial da Saúde (World Health Assembly, na sigla em inglês) aprovou por consenso uma resolução inédita que legitima a Participação Social em Saúde, informa o Conselho Nacional de Saúde, em seu site. A resolução – proposta por 27 países, entre eles o Brasil – determina que a sociedade civil influencie na tomada de decisões em todo ciclo das políticas públicas de saúde, de forma transparente, em todos os níveis dos sistemas de saúde. A assembleia é um evento da Organização Mundial de Saúde (OMS), que foi promovido entre o final de maio e início de junho de 2024, em Genebra, na Suíça.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem uma pesquisadora entre os membros do Conselho Nacional de Saúde que participou da assembleia da OMS. A professora Silvana Nair Leite, do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFSC, atuou no apoio e na negociação para aprovação da proposta entre os membros da OMS. A professora, que também atua no Conselho Municipal de Saúde de Florianópolis, participou de reuniões com a comissão para implementação da participação social, deliberações com outras entidades representadas na assembleia na Suíça e atividades paralelas promovidas por outras instituições internacionais.

Com a aprovação do documento, o Controle Social do Brasil se torna referência para todo o mundo, pelo acúmulo histórico sobre o tema, informa o Conselho Nacional de Saúde em seu site. Entre os destaques, o documento reitera a importância da atuação de pessoas e comunidades como “parte da abordagem da Atenção Primária à Saúde, que inclui o envolvimento de indivíduos, famílias, comunidades e a sociedade civil através da sua participação no desenvolvimento e implementação de políticas e planos que impactam a saúde, de acordo com as disposições da Declaração de Astana”.

“Necessidade de participação de todas as mulheres”, aponta resolução

A resolução destaca ainda a “necessidade de promover a participação de todas as mulheres e de todos as pessoas que se encontram em situações de vulnerabilidade, pessoas com deficiência e povos indígenas, nos processos de tomada de decisão em saúde, para que políticas e planos relacionados com a saúde respondem às suas necessidades ao longo da vida”.

O documento foi proposto pelos países: Alemanha, Bélgica, Brasil, República Tcheca, Chipre, Colômbia, Croácia, Equador, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Guatemala, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, Holanda, Moldávia, Quirguistão, Sri Lanka, Tailândia e Tunísia.

Confira o vídeo do Conselho Nacional de Saúde sobre a aprovação da resolução:

Com informações da Assessoria de Comunicação (Ascom) do Conselho Nacional de Saúde.

Reportagem publicada originalmente em https://noticias.ufsc.br/

Foto da capa: Antoine Tardy/Divulgação/OMS

Estudo da USP explica por que é bom tomar suco de laranja todo dia

Pesquisadores apontaram vantagens do hábito de tomar suco de laranja diariamente após acompanharem 85 voluntários por 60 dias

O suco de laranja é uma das bebidas preferidas dos brasileiros e costuma ser consumido logo pela manhã, acompanhado de café com leite e pão com manteiga. Estudo da Universidade de São Paulo identificou mudanças benéficas na microbiota e metabolismo intestinal com o consumo diário de suco de laranja.

A pesquisa realizada por cientistas do Centro de Pesquisas em Alimentos (FoRC) e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, publicado na revista Food Research International, demonstra os benefícios do consumo diário de suco de laranja para a saúde intestinal.

Pesquisa da UFG vence prêmio que incentiva alternativas ao uso de animais em pesquisa

Mestranda Lauren Dalat (PPGCF) apresentou um projeto para a substituição de animais em testes de cosméticos

Por William Correia, do Jornal UFG

A mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Goiás (PPGCF/UFG), Lauren Dalat, foi premiada no Prêmio Lush 2024, na categoria Jovem Pesquisador. O evento foi realizado em Londres no dia 21 de maio e tem o objetivo de valorizar, a cada dois anos, ações e pesquisas que buscam eliminar ou substituir os modelos animais em testes de laboratório.

Intitulado “Plataforma multiórgãos em chip para triagem de teratogenicidade humana de cosméticos”, o projeto de Laura foi o selecionado dentre outros 14, de diversas partes do mundo. O trabalho da pesquisadora já havia sido reconhecido no final do ano passado, durante o I Congresso Brasileiro de Métodos Alternativos ao Uso de Animais na Pesquisa e no Ensino (CBMAlt).

Os resultados então apresentados indicaram o potencial uso de células-tronco humanas para o desenvolvimento de novas abordagens metodológicas (NAMs), com destaque para a identificação de compostos teratogênicos – relativos a substâncias ou agentes capazes de provocar malformações congênitas em um embrião ou feto em desenvolvimento. Em outras palavras, as descobertas podem ajudar a substituir o uso de animais nesse tipo de teste.

A novidade apresentada no Prêmio Lush é a incorporação desses conhecimentos em um sistema microfisiológico que combina um modelo de pele 3D reconstruído e componentes derivados de células-tronco dentárias. Tal arranjo poderá permitir a investigação dos potenciais efeitos teratogênicos quando exposto a cosméticos aplicados diretamente sobre a pele, em cenários mais realistas.

Para Lauren, o modelo pode suprir a carência por métodos in vitro que avaliem a teratogenicidade em produtos cosméticos disponíveis no Brasil. “Atualmente, a metodologia padrão-ouro para este desfecho, a OECD 414, é laboriosa, cara, eticamente questionável, uma vez que utiliza em média mil animais por experimento, e pode não reproduzir com acurácia respostas humanas”, afirma.

O trabalho premiado é a base do projeto que deve ser ampliado na etapa de doutorado da pesquisadora. A finalidade, conforme explica Dalat, “é desenvolver um modelo mais realista, considerando o cenário de exposição, para avaliar o desenvolvimento mesenquimal precoce humano usando um sistema fisiologicamente relevante. O plano é associá-lo à pele humana, que é a principal via de exposição aos cosméticos”.

A mestranda da UFG, que tem 25 anos, ainda manifestou orgulho por representar as pesquisadoras latino-americanas e ser uma inspiração para outras jovens que estão iniciando sua trajetória na pesquisa. “Quero dizer que a ciência é para vocês, tanto no Brasil como no exterior. Mantenham seus sonhos vivos até que eles se tornem realidade”, disse em uma de suas redes sociais.

A cerimônia do Prêmio Lush 2024 prestigiou, ao todo, 14 projetos, organizações e cientistas de nove países, com a distribuição de 250 mil libras esterlinas. Por vencer em sua categoria, Dalat fez jus a um fundo de aproximadamente R$ 66 mil na cotação atual. A ideia é que os recursos subsidiem a continuidade de estudos ou projetos que contribuam para o fim dos testes em animais.

Histórico exitoso

Não é a primeira vez que um pesquisador da UFG recebe o título nessa categoria. Em 2022, o então estudante Artur Christian Garcia da Silva, que fazia doutorado no PPGCF, foi agraciado por seus estudos envolvendo um modelo chamado lung-on-a-chip-model, que permite estudar células humanas e suas possíveis interações, auxiliando na compreensão da resposta às alergias induzidas por produtos químicos.

Já em 2017, outro doutorando do PPGCF, Renato Ivan, levou o prêmio pelo desenvolvimento de uma plataforma para avaliação do potencial alergênico de misturas da “vida real”, com ênfase em produtos naturais de tintura capilar contendo henna. Lauren, Artur e Renato têm em comum a passagem pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Toxicologia In Vitro (Tox In), que fica no Centro de Pesquisas LIFE, localizado dentro do Parque Tecnológico Samambaia (PTS) da UFG.

A atuação da unidade coordenada pela professora Marize Campos Valadares, da Faculdade de Farmácia (FF) da UFG, orientadora de Dalat e dos demais premiados, já rendeu reconhecimento ao próprio grupo de estudos. Em 2018, o Tox In venceu a categoria Treinamento e Educação do Prêmio Lush, com o projeto intitulado “Disseminando métodos alternativos no Brasil e na América do Sul: educação e treinamento para a substituição de animais na Ciência”.

Fonte: PRPI

Texto publicado originalmente em jornal.ufg.br.

Pesquisa cria solução ‘três em um’ para tratar queimaduras

Farmacêutica inova ao unir vários compostos em uma mesma fórmula com o auxílio da nanotecnologia

Texto: Adriana Vilar de Menezes Foto: Antonio Scarpinetti

O desafio era minimizar as várias queixas de um paciente com queimaduras usando uma única formulação farmacêutica. A pesquisadora Janaína Artem Ataide abraçou a ideia e lançou mão da nanotecnologia para desenvolver um gel associando três ativos de classes farmacêuticas diferentes. O estudo realizado por Ataide em seu doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp, que também incluiu o uso de um extrato de oleaginosa nacional e ensaios para o reposicionamento da rifamicina, encontra-se em análise de patenteabilidade, a cargo da Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp).

Graduada em Farmácia, Ataide afirma que ainda há um longo caminho a percorrer até a fórmula eventualmente chegar às prateleiras. Contudo, uma vez patenteada, as chances de isso acontecer aumentam, acredita Priscila Gava Mazzola, professora da FCF e orientadora da tese. “A pesquisa ganha o olhar de outro público científico, de pesquisadores de outros lugares, além dos nossos colegas. E pode chegar às empresas, para viabilizar a condução [da produção]. Torna-se mais viável bancar o custo da pesquisa fora da Universidade, porque há mais recursos e pode haver gente 100% focada no projeto. Portanto aumentam as chances de a pesquisa continuar”, avalia Mazzola.

Segundo Ataide, as etapas ainda necessárias para a fórmula resultar em um produto incluem, por exemplo, estudos em animais e em seres humanos. “São etapas que fogem da nossa expertise e que têm alto custo”, diz a pesquisadora. “A ciência se faz em colaboração”, escreveu Ataide em sua tese, citando a frase do professor de física Brian Keating, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos). “Nenhum cientista vai a Estocolmo [Suécia] sozinho”, disse ele referindo-se ao Prêmio Nobel.

Uma das motivações da farmacêutica para se dedicar a uma formulação voltada a vítimas de queimaduras está no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, segundo o qual, no período de 2015 a 2020, foram registradas 19.772 mortes por queimaduras no Brasil (de causas térmicas ou elétricas, por agentes químicos, por geladura ou por radiação). As doenças de pele são a quarta causa mais comum de enfermidades humanas em todo o mundo. “Isso afeta quase um terço da população, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde [OMS], mas são dados muitas vezes subestimados. Isso é realmente assustador”, diz Ataide.

Com a formulação desenvolvida, o paciente pode usar um único produto durante o tratamento, ao invés de utilizar três ou quatro, evitando assim trocas ou reaplicações de medicamentos diferentes, defende a autora da pesquisa. “E acho que a principal vantagem está na eficiência do sistema nanoestruturado com ativos combinados na mesma formulação farmacêutica, além de se tratar de uma pesquisa nacional, com uso de extratos naturais brasileiros”, afirmou.

A pele é o órgão mais exposto do corpo humano, portanto o que corre mais riscos, explica Ataide. Esse órgão desempenha ainda a importante função de oferecer uma barreira protetiva. Por isso, é fundamental cuidar bem da saúde da pele. “A população precisa de medicamentos eficientes, seguros, de custo relativamente baixo e disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde [SUS]”, defende.

Desafios da nanotecnologia

Em seu mestrado, também sob a orientação de Mazzola, Ataide já havia usado a nanotecnologia. Aquela pesquisa, sobre uma enzima do abacaxi, resultou em uma patente. A farmacêutica trabalhou na época com a extração da proteína bromelina do complexo enzimático do abacaxi. “Tivemos muita dificuldade com a bromelina devido à falta de estabilidade. Veio então essa ideia de usar nanotecnologia para tentar estabilizar a proteína. Foi assim que a nanotecnologia entrou na minha vida”, lembra a pesquisadora. “Foi muito desafiador.”

“De fato tratou-se de algo muito trabalhoso”, reforça Mazzola. A pesquisa utilizou um resíduo da indústria – as cascas do abacaxi – para recuperar a enzima, que então poderia ser usada pela indústria farmacêutica. Foi justamente a formulação de nanopartículas de bromelina com quitosana liofilizadas, desenvolvida no mestrado, que se transformou em patente. A fórmula pode ser aplicada como um spray sólido ou em outras preparações, como em gel para cicatrização. Desde o mestrado, portanto, orientadora e orientanda realizam ensaios com a cicatrização. “No doutorado a ideia foi continuar a trabalhar a questão das queimaduras.”

Contribuição para novas pesquisas

De acordo com Mazzola, a pesquisa de doutorado de Ataide representou a primeira vez em que o laboratório da FCF trabalhou com diferentes frentes de ação em torno de um mesmo produto. “Esse é um ponto muito importante. Os ativos são conhecidos, mas fizemos outra abordagem na forma de veiculá-los e apresentá-los. O trabalho [de Ataide] pode contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos e novas apresentações. Isso tem muito valor”, afirma a professora. Entre os apontamentos dos testes destacados na pesquisa está a propriedade das nanopartículas de servirem como carreadores de insumos farmacêuticos ativos (IFA), especialmente por conta de sua capacidade de fazer a entrega simultânea de dois ou mais IFAs e por conta de possibilitarem uma entrega direcionada.

Os testes realizados por Ataide revelam-se conclusivos quanto ao potencial das nanopartículas como carreadores de fármacos: “[As nanopartículas] são uma grande promessa nos dias atuais por transportarem medicamentos até o alvo de interesse, diminuindo os efeitos colaterais”. A tese, intitulada “Desenvolvimento de formulações de base nanotecnológica: estratégias para entrega simultânea e reposicionamento de fármacos”, contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no país e no exterior, possibilitando que Ataide realizasse estudos também nos Estados Unidos, durante um ano, período no qual trabalhou o reposicionamento de fármaco da rifamicina.

Parte do doutorado transcorreu na pandemia. “Eu estava entrando na parte da formulação, quando começou a pandemia. Foi tudo suspenso. Até achei que não fosse dar para fazer nada. A primeira etapa das minhas análises transcorreu totalmente à distância. Algumas vezes eu levei as amostras, entreguei na recepção dos laboratórios parceiros e recebi as fotos na minha casa”, lembra a pesquisadora, que contou com a parceria do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).

“Essas parcerias fazem toda a diferença”, afirma Ataide. “Não somos especialistas em tudo, por isso precisamos das parcerias”, reitera Mazzola. Para a professora, a pesquisa mostra-se promissora também aos olhos das instituições de fomento. “Isso é valioso porque não é fácil conseguir auxílio para pesquisa. E nós queremos transformar a nossa pesquisa em algo prático, que chegue ao paciente e ao mercado, um produto farmacêutico eficiente e acessível na prateleira”, diz a orientadora.

Publicado na Edição 705 do Jornal da Unicamp.

Texto fcf.unicamp.br

Professora da Unesp é top 5 em ranking científico internacional

Cientista integra lista dos melhores da área de Micologia, ciência que estuda os fungos

A professora Maria José Soares Mendes Giannini, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp, em Araraquara, está entre os cinco melhores cientistas do mundo da área de Micologia, ciência que estuda as propriedades, aplicações e doenças causadas por fungos. O resultado foi divulgado recentemente pelo ranking científico internacional AD Scientific Index, que classifica e avalia universidades e pesquisadores de todo o planeta. 

“Confesso que foi uma surpresa e que, agora, a responsabilidade que carrego é ainda maior. Eu fico muito contente de estar ocupando este lugar e acredito que receber esse reconhecimento é uma demonstração da força da pesquisa que é realizada na Unesp, que resulta do avanço do conhecimento nessa área. Eu atribuo esse reconhecimento ao que construí ao longo da carreira, aos orientados, às publicações, às linhas de pesquisa e ao quanto ajudamos a avançar no conhecimento da micologia. Fico feliz em estar cumprindo os preceitos com os quais a universidade comunga: o ensino, a pesquisa e a extensão”, comenta a docente.  

Ao longo de sua carreira, Maria José já publicou 230 artigos científicos e produziu 21 capítulos de livros. Professora titular da Unesp, ela também é pesquisadora nível máximo (1A) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde é a líder do grupo de pesquisa “Interação fungo-hospedeiro”. 

Ainda na época em que defendeu seu doutorado, a cientista obteve um resultado que considera um dos mais importantes de sua trajetória profissional: pela primeira vez, foi identificada em pacientes a presença de moléculas do fungo causador da paracoccidioidomicose (PCM), a principal micose sistêmica no Brasil. Essa doença representa uma das dez principais causas de morte por doenças infecciosas e parasitárias, crônicas e recorrentes no país.

Área de atuação – O foco do campo de pesquisa da docente envolve desde aspectos mais básicos sobre os fungos, como desvendar sua estrutura e composição de moléculas, até pontos mais avançados, que estudam o mecanismo de ação desses organismos ao entrarem em contato com o ser humano ou um animal.

“Nós, particularmente, nos dedicamos a pesquisas sobre fungos de interesse médico e veterinário. As doenças oriundas de alguns fungos que investigamos podem até mesmo levar a óbito, dependendo do caso. Atualmente, com o aumento da expectativa de vida da população e o uso mais amplo de corticoides e imunossupressores, nós temos observado cada vez mais a presença desses fungos em pacientes idosos e com comorbidades, que são os mais difíceis de tratar. Infelizmente, a maioria dos antifúngicos empregados atualmente tem efeitos colaterais e podem apresentar resistência”, explica.   

Por conta dessa adversidade, outra frente de atuação do grupo de pesquisa da professora da Unesp é a busca e desenvolvimento de potenciais fármacos como antifúngicos. “Já avaliamos mais de mil extratos de plantas, por exemplo, para estudar alguns derivados desses produtos naturais para essa finalidade. Atualmente temos trabalhos com alguns desses compostos em fase de pesquisa pré-clínica,” conta Maria José.

Falando em animais, a equipe da pesquisadora também tem atuado para reduzir o uso de mamíferos em estudos científicos a partir da utilização de modelos 2D e 3D de células humanas e do uso de animais alternativos, como Galeria mellonella (traça-da-cera), Tenebrio molitor (bicho-da-farinha) e Caenorhabditis elegans (verme encontrado no solo), nos quais são testados tópicos como eficácia terapêutica, segurança toxicológica e resposta imune. Além de terem se mostrado eficazes, esses métodos não convencionais são de baixo custo, mais rápidos e permitem o uso de uma quantidade maior de animais, sem esbarrar em questões éticas. 

Sobre o ranking – O AD Scientific Index. é o primeiro e único estudo que mostra tanto o coeficiente geral de produtividade dos cientistas ao longo da carreira como o recorte dos últimos seis anos. (Clique aqui para conferir a metodologia detalhada do ranking)

Ao todo, são nove parâmetros utilizados pelo sistema para classificar pesquisadores em diversas áreas do conhecimento, como: Agricultura, Engenharia e Tecnologia, História, Filosofia, Teologia, Estudos Jurídicos, Ciências Médicas, Ciências Naturais, Ciências Sociais, entre outras. 

O levantamento analisa estudos de 219 países, 23 mil universidades/instituições e mais de 1,6 milhão de cientistas, fornecendo avaliações com base no desempenho acadêmico e no valor agregado da produtividade científica de cientistas individuais, incluindo a avaliação de revistas e universidades.

Maria José aproveitou o reconhecimento obtido no ranking para fazer um alerta a respeito do tema fungos, destacando a necessidade de mais atenção por parte de diferentes grupos da sociedade acerca do assunto, pois até problemas considerados mais simples podem desencadear complicações severas.

“O que a população mais conhece são as micoses superficiais que afetam a pele e as unhas. Um exemplo é a frieira. Esse tipo de infecção também precisa ser vista com cuidado, pois pode comprometer um paciente com alterações imunológicas. Precisamos de mais atenção das pessoas, das autoridades e da classe médica com as doenças fúngicas, que infelizmente muitas vezes são negligenciadas, finaliza”. 

Contato para esta pauta (Imprensa)
Assessoria de Comunicação da FCF/Unesp
E-mail: henrique.fontes@unesp.br
Whatsapp: (16) 9 9727-2257

reportagem publicada originalmente em fcfar.unesp.br

Anunciadas as vencedoras do Prêmio Mulheres Brasileiras na Química 2024

WASHINGTON, 13 de maio de 2024 — A American Chemical Society (ACS) e a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) têm o prazer de anunciar as vencedoras do 7º Prêmio Mulheres Brasileiras na Química. Os prêmios serão entregues no dia 24 de maio, na 47ª Reunião Anual da SBQ, em Águas de Lindoia, SP.

O “Prêmio Mulheres Brasileiras na Química” tem como objetivo promover a igualdade de gênero, com foco na comunidade química brasileira, e reconhecer o impacto da diversidade na pesquisa científica em Química. Assim, o prêmio busca reconhecer mulheres cientistas com contribuições relevantes e pesquisas de destaque em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM).

Líder Emergente em Química: Elisama Vieira dos Santos

Esse prêmio reconhece as realizações de uma jovem cientista ou empreendedora notável em Química. Elisama é professora associada no Departamento de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sua pesquisa se concentra no desenvolvimento de processos eletroquímicos para um ambiente mais limpo, usando hidrogênio verde como vetor de energia para processos eletroquímicos. Palestras e eventos sociais conduzidos por Elisama centram-se na divulgação científica e ações pela igualdade de gênero. Suas realizações incluem a autoria de mais de 100 artigos publicados, a realização de mais de 135 apresentações em congressos nacionais e internacionais e o depósito de uma patente. Ela é membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências.

Liderança Acadêmica: Lucia Helena Mascaro

Esse prêmio reconhece uma mulher com uma formação estabelecida na academia e cuja contribuição para a pesquisa científica em Química tem um impacto global e social. Lucia é professora titular no Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos. Atua também como pesquisadora associada do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (sediado na UFSCar) e do Centro de Inovação em Novas Energias (sediado na Unicamp) e é editora associada da Química Nova. É especialista em Físico-Química, com foco em Eletroquímica: produção de hidrogênio, fotoeletrocatálise, eletrodeposição de ligas metálicas e semicondutores e corrosão. Ocupou cargos de liderança em várias sociedades de Química e coordena projetos em energia e sustentabilidade financiados por várias agências governamentais brasileiras. Orientou dezenas de estudantes de graduação e pós-graduação.

Os prêmios são oferecidos pela ACS e pela SBQ e patrocinados pelo CAS e ACS Publications, divisões da American Chemical Society. Cada vencedora receberá um prêmio em dinheiro de US$ 2.000, um ID SciFinder válido por um ano, um ano de associação à ACS e à SBQ, um certificado de premiação em inglês, uma placa de homenagem em português e uma assinatura de curso através do ACS Institute.

Sobre a American Chemical Society:

A American Chemical Society é uma organização sem fins lucrativos registrada pelo Congresso dos Estados Unidos. Com mais de 200 mil indivíduos, a ACS é a maior sociedade científica do mundo. Para obter mais informações, visite acs.org.

Sobre a Sociedade Brasileira de Química:

A Sociedade Brasileira de Química (SBQ) foi fundada em 1977 com o objetivo de promover o desenvolvimento e a disseminação do conhecimento em Química no Brasil. Para obter mais informações, visite sbq.org.br.

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Cientistas do Brasil e da Índia criam tratamento promissor contra tumores sólidos

Agência FAPESP* –Ricardo Muniz | Agência FAPESP – Artigo publicado recentemente no Journal of Controlled Release detalha o resultado de colaboração científica internacional que desenvolveu uma alternativa para o tratamento dos tumores sólidos por meio da inibição do chamado microambiente tumoral inflamatório (tumour microenvironment ou TME).

Tumores sólidos costumam ser os tipos de câncer de tratamento mais desafiador por causa da dificuldade de penetração dos fármacos. O microambiente tumoral inflamatório, onde os tumores estão alojados, contém várias células e substâncias do próprio paciente que impedem as células de defesa de combater o tumor. “Muitas vezes essas células e moléculas ajudam o tumor a crescer e, por isso, dizemos que ele escapa da vigilância do sistema imune”, explica Lúcia Helena Faccioli, professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) e coordenadora da Central de Quantificação e Identificação de Lipídeos (Ceqil), instalada com apoio da FAPESP por meio do Programa Equipamentos Multiusuários.

“Há sempre um cabo de guerra entre células imunológicas promotoras e inibidoras de tumores no TME, onde metabólitos, mediadores lipídicos, citocinas e quimiocinas desempenham um papel importante no domínio da natureza imunossupressora”, escrevem os autores do artigo, que incluem a pesquisadora Viviani Nardini, do Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas da FCFRP-USP, e cientistas de instituições indianas liderados por Avinash Bajaj, chefe do Laboratório de Nanotecnologia e Química Biológica do Centro Regional de Biotecnologia de Faridabad, no estado indiano de Haryana.

A equipe desenvolveu nanomicelas – partículas muito pequenas, medindo entre 1 e 100 nanômetros – compostas de diferentes substâncias e, por isso, chamadas de quimeras. As nanomicelas quiméricas produzidas são compostas por fosfolipídios (NMs), docetaxel (DTX), substância usada para matar as células tumorais, e dexametasona (DEX), um anti-inflamatório muito empregado para diminuir a produção de várias substâncias inflamatórias, como a prostaglandina E2 (PGE2).

Os estudos em animais de laboratório mostraram que essas partículas (NMs+DTX+DEX), ministradas por via intravenosa, foram muito eficientes, diminuindo o tamanho de tumores e aumentando a sobrevida dos animais: os não tratados morrem sempre ao redor de 28-30 dias, mas os tratados sobrevivem até 44-50 dias, explica Faccioli.

“O tratamento induziu uma diminuição superior a cinco vezes no volume do tumor em comparação com tumores não tratados no modelo de câncer de cólon”, detalha Bajaj. As nanomicelas reduziram e alteraram as células presentes ao redor do tumor, aquelas que impedem a ação do sistema imune, favoreceram o aumento de tipos específicos de leucócitos que matam células tumorais e também inibiram a liberação de PGE2, substância inflamatória presente no microambiente tumoral que diminui a ação antitumoral de determinadas células de defesa.

“Embora esses estudos tenham sido feitos em animais, os resultados são muito promissores e abrem possibilidades de estudos em humanos, já que as partículas são formadas por compostos já aprovados para utilização humana”, comemora Faccioli, que realizou seu pós-doutorado no National Heart and Lung Institute da Universidade de Londres.

Além da USP e do laboratório coordenado por Avinash Bajaj, participam da pesquisa o Amity Institute of Integrative Sciences and Health (Haryana), o Departamento de Cirurgia Oncológica do All India Institute of Medical Sciences (Nova Déli), o Instituto Nacional de Imunologia (Nova Déli) e o Instituto Nacional de Genômica Biomédica (Kalyani, Bengala Ocidental).

O artigo Engineered nanomicelles inhibit the tumour progression via abrogating the prostaglandin-mediated immunosuppression pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168365924001615.
 

Tumores sólidos costumam ser os tipos de câncer de tratamento mais desafiador por causa da dificuldade de penetração dos fármacos. O microambiente tumoral inflamatório, onde os tumores estão alojados, contém várias células e substâncias do próprio paciente que impedem as células de defesa de combater o tumor. “Muitas vezes essas células e moléculas ajudam o tumor a crescer e, por isso, dizemos que ele escapa da vigilância do sistema imune”, explica Lúcia Helena Faccioli, professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) e coordenadora da Central de Quantificação e Identificação de Lipídeos (Ceqil), instalada com apoio da FAPESP por meio do Programa Equipamentos Multiusuários.

“Há sempre um cabo de guerra entre células imunológicas promotoras e inibidoras de tumores no TME, onde metabólitos, mediadores lipídicos, citocinas e quimiocinas desempenham um papel importante no domínio da natureza imunossupressora”, escrevem os autores do artigo, que incluem a pesquisadora Viviani Nardini, do Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas da FCFRP-USP, e cientistas de instituições indianas liderados por Avinash Bajaj, chefe do Laboratório de Nanotecnologia e Química Biológica do Centro Regional de Biotecnologia de Faridabad, no estado indiano de Haryana.

A equipe desenvolveu nanomicelas – partículas muito pequenas, medindo entre 1 e 100 nanômetros – compostas de diferentes substâncias e, por isso, chamadas de quimeras. As nanomicelas quiméricas produzidas são compostas por fosfolipídios (NMs), docetaxel (DTX), substância usada para matar as células tumorais, e dexametasona (DEX), um anti-inflamatório muito empregado para diminuir a produção de várias substâncias inflamatórias, como a prostaglandina E2 (PGE2).

Os estudos em animais de laboratório mostraram que essas partículas (NMs+DTX+DEX), ministradas por via intravenosa, foram muito eficientes, diminuindo o tamanho de tumores e aumentando a sobrevida dos animais: os não tratados morrem sempre ao redor de 28-30 dias, mas os tratados sobrevivem até 44-50 dias, explica Faccioli.

“O tratamento induziu uma diminuição superior a cinco vezes no volume do tumor em comparação com tumores não tratados no modelo de câncer de cólon”, detalha Bajaj. As nanomicelas reduziram e alteraram as células presentes ao redor do tumor, aquelas que impedem a ação do sistema imune, favoreceram o aumento de tipos específicos de leucócitos que matam células tumorais e também inibiram a liberação de PGE2, substância inflamatória presente no microambiente tumoral que diminui a ação antitumoral de determinadas células de defesa.

“Embora esses estudos tenham sido feitos em animais, os resultados são muito promissores e abrem possibilidades de estudos em humanos, já que as partículas são formadas por compostos já aprovados para utilização humana”, comemora Faccioli, que realizou seu pós-doutorado no National Heart and Lung Institute da Universidade de Londres.

Além da USP e do laboratório coordenado por Avinash Bajaj, participam da pesquisa o Amity Institute of Integrative Sciences and Health (Haryana), o Departamento de Cirurgia Oncológica do All India Institute of Medical Sciences (Nova Déli), o Instituto Nacional de Imunologia (Nova Déli) e o Instituto Nacional de Genômica Biomédica (Kalyani, Bengala Ocidental).

O artigo Engineered nanomicelles inhibit the tumour progression via abrogating the prostaglandin-mediated immunosuppression pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0168365924001615.
 

Reportagem publicada originalmente em Agência FAPESP.