“A ABCF deve continuar crescendo nos próximos anos com a associação de mais pesquisadores da área de ciências farmacêuticas, ampliando sua inserção na sociedade e fortalecendo-se como uma entidade representativa da área”, afirma ex-presidente

Para Teresa Dalla Costa, associados mais jovens têm papel fundamental no fortalecimento e representatividade da entidade

Aproximar-se das agências de fomento, congregar e dar representatividade aos pesquisadores da área de Ciências Farmacêuticas são pilares fundamentais da atuação da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF), que completa duas décadas de existência em 2023. Uma personalidade que esteve presente nas reuniões antes mesmo da fundação da associação era Teresa Dalla Costa.

Em 2012, a Professora Titular da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) iniciou a sua atuação na diretoria da ABCF como Secretária Geral, durante a presidência da Profa. Suely Galdino. Teresa foi vice-presidente da ABCF até 2016. No ano seguinte, assumiu a presidência da entidade, onde ficou até 2018. Durante seu período na diretoria, participou da organização dos primeiros congressos próprios da ABCF, que iniciaram em 2012.

Na entrevista a seguir, a professora conta que seu maior desafio à frente da diretoria – e esse desafio não é exclusivo da ABCF, mas também de outras entidades científicas no país – foi a busca por aumentar o número de associados efetivos e engajar os participantes nas atividades propostas. “É fundamental que docentes e pesquisadores participem de sociedades científicas em suas áreas de atuação”, afirma.

Uma realização relevante da gestão de Teresa para a ABCF foi a parceria estabelecida com a Secad/Editora Panamericana para o PROFARMA, programa de educação continuada em Assistência Farmacêutica, Farmácia Clínica e Cuidado Farmacêutico. Os organizadores do material do PROFARMA são docentes e/ou pesquisadores associados da ABCF, indicados pela entidade. Deste modo, além de dar o aval científico para o programa, a ABCF ganha royalties que têm sido muito importantes para a saúde financeira da entidade.

Apesar das dificuldades, Teresa olha com orgulho as realizações de sua gestão, com destaque para a efetivação do Fórum de Coordenadores de Pós-graduação da Área de Farmácia como Comissão Especial da ABCF. Com a organização, o Fórum passou a ter um regimento, tornando-se parte da estrutura organizacional da ABCF e ganhando mais força em suas ações.

A professora também destaca que, na sua gestão, a associação colaborou com a organização de encontros regionais, nos quais a história e importância da ABCF para a consolidação da área de farmácia no país eram contadas por um dos fundadores da entidade. Nessa atividade, Teresa destaca a colaboração fundamental do fundador e ex-presidente da ABCF, Prof. João Callegari Lopes, que ministrou essas palestras nos eventos que ocorreram no Sul, Sudeste e Nordeste do país.

Em 2018, a ABCF voltou a realizar atividades científicas nas Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade à qual a associação é filiada. Teresa também destaca que, durante sua gestão organizou-se o IV Congresso da ABCF, que ocorreu em São Paulo, onde houve apresentação de 426 trabalhos aceitos na forma de resumos.

Especializada em Farmacocinética, com Doutorado em Farmácia pela University of Florida, nos Estados Unidos, Teresa vê com otimismo o período de crescimento da ABCF, com a entrada de mais pesquisadores da área de ciências farmacêuticas, ampliando sua inserção na sociedade e fortalecendo-se como uma entidade representativa da área. “Creio que os associados mais jovens têm um papel fundamental nesse processo e acredito que estão preparados para o desafio”, afirma.

ABCF celebra 20 anos e busca ampliar interlocução com órgãos de fomento

Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas foi instituída com o objetivo de representar pesquisadores junto a órgãos acadêmicos

A ABCF – Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas – completa 20 anos com uma missão importante: ampliar a interlocução com órgãos de fomento relacionados a ensino e pesquisa do país. Instituída em 2003, a entidade tem o objetivo de representar os pesquisadores da área junto aos diferentes órgãos acadêmicos e científicos.

O atual presidente, Guilherme Martins Gelfuso, conta que neste mês de abril a ABCF já consultou seus associados e encaminhou ao CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – indicação de pesquisadores representantes para recompor o comitê da área de Farmácia.

Segundo ele, este é um momento de recomeço para as ciências de um modo geral, e as Ciências Farmacêuticas acompanham essa movimentação. Com foco em aumentar a visibilidade da ABCF, a nova Diretoria trabalha firme na difusão de informações sobre a Associação. “Temos que aprender a nos comunicar tanto com a população quanto com o público da área científica e acadêmica, além de dar continuidade aos congressos e aumentar o público nesses eventos”, ressalta o presidente.

A proposta é ampliar essa atuação, abrindo espaço – e oportunidades – para que os pesquisadores das ciências farmacêuticas encontrem na ABCF um porto seguro de sua representatividade perante a sociedade. Esse, aliás, foi um dos pilares que sustentou a criação da entidade.

Idealizada por professores e pesquisadores durante a 4ª edição do CIFARP – Congresso Internacional de Ciências Farmacêuticas, promovido a cada dois anos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – FCFRP-USP, a Associação nasceu do anseio por uma sociedade científica que representasse as Ciências Farmacêuticas junto a diferentes instâncias, a fim de apoiar pesquisadores e agregar valor à área.

“Essa ausência nos incomodava e era assunto toda vez em que nos encontrávamos em eventos da área. Então, durante o IV CIFARP, realizado em Ribeirão Preto em julho de 2003, criamos a Sociedade Brasileira de Ciências Farmacêuticas, que teve o nome alterado, depois que o estatuto foi elaborado e homologado”, relata o professor titular da Faculdade de Farmácia da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais – Armando da Silva Cunha Júnior, um dos pioneiros desta iniciativa.

Com a associação criada, os esforços passaram a ser no sentido de estruturar e consolidar a ABCF no meio acadêmico. “Fui membro da diretoria da associação em diferentes momentos. Em 2013, quando fui presidente da ABCF, os principais desafios eram referentes à organização financeira e a todo o processo de prestação de contas do 1º Congresso realizado pela ABCF em 2012”, relembra Cunha Júnior, que destaca duas importantes realizações à frente da associação.

“Concluímos o processo de elaboração e encaminhamento, junto com as principais entidades representativas da área, de uma classificação mais adequada das subáreas da Farmácia que constituem a Tabela de Área do Conhecimento do CNPq. Além disso, elaboramos o projeto para a realização do 2º Congresso da ABCF em 2014”.

Identidade própria

Com a ABCF consolidada junto aos órgãos acadêmicos, faltavam agora alguns ajustes para que tivesse mais autonomia e uma identidade própria com relação a escolha das novas diretorias. O ano era 2014. O professor do Departamento de Farmácia na UEM – Universidade Estadual de Maringá, João Carlos Palazzo de Mello, então presidente da Associação, participou ativamente desse processo. “Meu mandato se estendeu até 2017, por um pedido meu junto à Assembleia. Meu objetivo era ajustar o período das eleições da Diretoria, que antes aconteciam dentro do CIFARP”, comenta Mello.

A experiência como presidente da Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBFgnosia), lhe permitiu iniciar um trabalho para acertar a documentação da ABCF. “Ela estava registrada na cidade de São Paulo, o que dificultava o trabalho burocrático da associação, como o registro de atas. Para nos ajudar nesse processo, contratamos um advogado que nos ajudou a trazer a sede para Ribeirão Preto. Hoje ela funciona dentro do SUPERA, que é a incubadora de empresas vinculada à USP”, explica.

“A partir daí reorganizamos o processo de eleição, que hoje ocorre em um evento próprio da associação, além das reuniões periódicas realizadas na sede, que passou a ser um local de fácil acesso para todos”, complementa Pallazo de Mello.

Outro desafio enfrentado em sua gestão foi o de criar condições para que as próximas diretorias tivessem autonomia para organizar o evento bianual da entidade. “Essas conquistas foram primordiais para que a ABCF passasse a ser vista como uma associação de fato”.

Interlocução

Com a evolução da área de farmácia nos últimos anos, a ABCF passou a exercer papel fundamental na interlocução da área com as agências de fomento. “Bem distantes dos 22 programas de Pós-Graduação que existiam quando a associação foi criada, hoje são 69 programas que contam com 1.200 docentes permanentes e centenas de alunos formados e matriculados anualmente nestes programas em seus cursos de Mestrado e Doutorado”, observa o professor Cunha Júnior.

Neste contexto, a ABCF, como principal associação científica que congrega todas as subáreas da Farmácia tem um importante papel no estímulo à cooperação entre os pesquisadores durante os eventos promovidos ou apoiados por ela.

Para o professor Palazzo de Mello, o grande desafio da ABCF agora é angariar associados. “Isso é fundamental para que ela possa crescer, se desenvolver e participar de fato do desenvolvimento da ciência no Brasil”, reforça. A proposta está entre as atividades previstas pela nova Diretoria, que assumiu no início de 2023.

Escutar os anseios da área permitirá a realização de ações que estimulem a constante atualização científica e contribuam para atrair jovens pesquisadores dispostos a se envolver nas questões das Ciências Farmacêuticas. O desafio está lançado. E a disposição em superá-lo também.

Como se associar

Associar-se à ABCF é simples. Basta clicar aqui para preencher a nossa ficha cadastral, fazer o pagamento da anuidade e pronto! Você passa a integrar esse time de pesquisadores que se uniram em prol das Ciências Farmacêuticas.