Sandra Helena Poliselli Farsky, ex-presidente da ABCF, é eleita Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências 

Mônica Felts de La Roca Soares, associada à ABCF, e outras cientistas se destacam em eleição que reforça a presença feminina na ABC

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) anunciou no último final de semana os novos membros eleitos. Entre os eleitos para membros titulares, 6 mulheres e 11 homens foram escolhidos, elevando o percentual de mulheres na categoria de 21,88% para 22,26%. 

A professora Sandra Helena Poliselli Farsky, da Universidade de São Paulo (USP), foi eleita Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), consolidando seu lugar entre os mais destacados cientistas do país. Sua eleição representa um reconhecimento de suas contribuições para as Ciências da Saúde, especialmente nas áreas de inflamação e imunotoxicologia. Sua liderança em instituições científicas e seu impacto em publicações são amplamente reconhecidos. 

Sandra Farsky é ex-presidente da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) e será a presidente do XXIV Congresso Brasileiro de Toxicologia, que ocorrerá em São Paulo, de 3 a 6 de junho de 2026, reafirmando sua influência no campo.

Indicada pelo professor Norberto Peporine Lopes, da USP, Sandra foi uma das escolhidas após um processo de análise em que são avaliados currículo, produção científica e a relevância de sua atuação.

A professora Mônica Felts de La Roca Soares da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi eleita Membro Afiliada pela Região Nordeste e Espírito Santo. Cientista e gestora pública com atuação em Ciência, Tecnologia e Inovação voltadas para a saúde, Mônica Soares dirige atualmente o Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde.

Ser eleita para a Academia Brasileira de Ciências (ABC) é uma honra reservada a poucos. Fundada em 1916, a ABC tem sede no Rio de Janeiro e atua em diversas frentes de promoção e desenvolvimento científico no Brasil. 

Para se tornar Membro Titular, os candidatos passam por uma criteriosa avaliação feita por membros da própria academia.  A ABC é composta por 10 áreas especializadas, incluindo Ciências da Saúde, onde Sandra agora integra um seleto grupo de cientistas. Sua eleição reflete seu compromisso com a ciência e o impacto de sua trajetória acadêmica, que inclui a orientação de 23 mestres, 14 doutores e a supervisão de 8 pós-doutores, além de colaborações internacionais e publicações de grande relevância.

Inscrições para o Prêmio Suely Galdino estão abertas

As indicações para o Prêmio Suely Galdino – Jovem Cientista na Farmácia e áreas afins estão abertas até o dia 05 de novembro. Criado pela Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF), este prêmio visa reconhecer jovens que tenham feito um notável impacto nas Ciências Farmacêuticas.

As inscrições podem ser realizadas por meio deste formulário disponibilizado pela ABCF. A análise das indicações será conduzida por um painel formado por lideranças reconhecidas na área, cuja composição será divulgada nas próximas semanas. O resultado será anunciado durante o VII ABCF Congress, que ocorrerá de 11 a 14 de novembro.

Os candidatos devem ter até 40 anos de idade e no máximo 10 anos de doutorado. Os critérios de avaliação incluem: qualidade científica das publicações, inovação tecnológica, engajamento social, atividades de divulgação e comunicação científica, impacto social da pesquisa e relevância da atuação na Farmácia.

O vencedor do prêmio receberá um prêmio monetário oferecido pela ABC, adesão à ABCF por dois anos (2025-2026), um certificado de premiação e divulgação  nas redes sociais da ABCF.

Suely Galdino

A Profª. Suely Galdino foi presidente da ABCF e coordenadora suplente de área na CAPES, o que mostra o seu engajamento com a área. Farmacêutica formada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com Doutorado pela conceituada Universidade Joseph-Fourier de Grenoble I, foi Professora Titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde orientou mais de 50 estudantes de Pós-Graduação, entre Mestrado e Doutorado.

Para mais informações sobre o prêmio e o formulário de inscrição, acesse [indicação].

Serviço:

  • Prêmio: Suely Galdino – Jovem Cientista na Farmácia e áreas afins
  • Inscrições: Até 05 de novembro.
  • Resultado: Durante o VII Congresso da ABCF (11 a 14 de novembro)

“A chegada dos nitazenos” ao Brasil

Texto: Gustavo Teramatsu

A recente publicação do artigo Synthetic illicit opioids in Brazil: Nitazenes arrival, na Forensic Science International: Reports, com participação do professor José Luiz da Costa, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp, no âmbito do projeto INSPEQT, teve grande impacto na mídia nos últimos dias.

Foi descrita, pela primeira vez, a presença de nitazenos no Brasil, em análises realizadas pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica em 140 amostras de drogas apreendidas entre julho de 2022 e abril de 2023 no estado de São Paulo, em cidades da Região Metropolitana de São Paulo (São Paulo, Diadema, Guarulhos, Cajamar, Francisco Morato, Caieiras, Mairiporã, São Bernardo do Campo, Carapicuíba, Ribeirão Pires e Biritiba Mirim), na Região Metropolitana da Baixada Santista (Santos, São Vicente Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém) e no interior (Sumaré e Mirandópolis).

O estudo destaca que “o efeito de fumar um opioide potente junto com canabinoides sintéticos é imprevisível, e a maioria dos usuários não pode estar ciente do que está consumindo”, e conclui que “há relativamente poucas apreensões de opioides quando comparadas a outras drogas apreendidas no país, mas tanto as autoridades policiais quanto os profissionais de saúde precisam permanecer vigilantes, pois a ameaça representada por esses novos compostos começa a se expandir no território brasileiro”.

O artigo pode ser lido aqui.

Laboratório do IPEN/CNEN contribui para a atualização da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA)

Convênio firmado com a Faculdade de Farmácia da USP explora expertise do Laboratório de Análises Química e Ambiental do IPEN (LAQA) para identificar dez minerais em alimentos.

O projeto de pesquisa intitulado “Determinação de contaminantes inorgânicos (minerais) em alimentos” que vem sendo desenvolvido por meio de um convênio firmado em 2023 entre o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN, unidade técnico-científica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) está contribuindo para atualizar a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA).
O objetivo principal do convênio consiste em aprimorar e aplicar as metodologias analíticas em alimentos, cujos dados obtidos serão disponibilizados na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, sendo as análises realizadas no Laboratório de Análises Química e Ambiental (LAQA) do Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA/IPEN).

O coordenador do projeto no IPEN, pesquisador João Cristiano Ulrich, explica que na prática o Ipen está recebendo o material encaminhado pela USP para análise, como temperos, carnes, plantas comestíveis, entre outros alimentos, por meio das metodologias e equipamentos disponíveis no laboratório do IPEN. As análises identificam e medem as quantidades de alguns minerais como Cálcio, Ferro, Sódio, Magnésio, Fósforo, Potássio, Manganês, Zinco, Cobre, Selênio, presentes nas amostras.

“Nós já recebemos dois lotes de amostras para tratamento e processamento para identificarmos a existência e as quantidades destes minerais. Após as análises elaboramos um relatório e repassamos os dados ao Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center/FoRC) na USP e estes disponibilizam as informações nas atualizações da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TBCA”, destacou João Ulrich.

O pesquisador, que é o responsável direto pelas análises, destaca que o laboratório de análises Química e Ambiental do IPEN é um dos poucos em São Paulo que se dispôs e tem condições de executar todo o processo de identificação de minerais em um único local, desde o processamento das amostras, o que requer uma digestão por sistema de micro-ondas com a ajuda de ácidos, até a leitura dos minerais a partir da amostra líquida que é pulverizada em um espectrômetro de emissão ótica que identifica e quantifica os minerais presentes em cada amostra.

O diferencial deste estudo é o nível de detalhamento das informações geradas sobre cada amostra que é analisada, em duas ou mais versões: in natura, cozida, refogada ou frita dependendo do material. Desta forma é possível conhecer a presença dos minerais em diferentes situações.

Segundo a nutricionista e pesquisadora do FoRC, Eliana Bistriche Giuntini, que trabalha com avaliação e compilação de dados de composição de alimentos e gerencia a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da USP, sendo uma das pesquisadoras envolvidas na parceria com o IPEN para a realização de análise de minerais em alimentos, as informações obtidas a partir deste convênio servirão como referência no Brasil para compor os rótulos de produtos que necessitam apresentar as composições por miligrama (mg) nas tabelas de informações nutricionais de todo alimento embalado e comercializado.

“Dados de composição química de alimentos, e sua apresentação em Tabelas de Composição de Alimentos, são importantes porque permitem fazer avaliação de consumo alimentar de populações e esses dados fornecem subsídios para estudos relacionando nutrientes, saúde e doença, para determinar recomendações de ingestão de nutrientes, propor políticas públicas visando a segurança alimentar, além da prescrição de dietas. Esses dados também são usados como base no desenvolvimento de produtos, avaliação de novas formas de plantio, cruzamento de variedades e espécies, por exemplo, porque a composição depende de vários fatores, incluindo, variedade solo e clima”, esclarece Eliana Giuntini.

A pesquisadora ainda explica que os dados obtidos a partir das análises são inseridos na TBCA na forma bruta, como ingrediente, e podem ser usados pela população e por profissionais da área de Nutrição e ainda das áreas de Saúde e Engenharia. “Os dados desses ingredientes são utilizados para estimar a presença dos minerais nas preparações consumidas pela população brasileira, que em sua maioria são calculadas a partir de receitas com dados analíticos de seus ingredientes”, concluiu a pesquisadora.

Para João Cristiano participar desse projeto de pesquisa é muito importante tanto para ele enquanto pesquisador quanto para o CEQMA e o IPEN. “Além de realizar pesquisas nosso objetivo aqui no IPEN é gerar benfeitorias para a sociedade, exatamente como os resultados deste trabalho com a TBCA”, finaliza.

Sobre o CEQMA

O Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA) do Ipen promoveu nos últimos anos a união de três fatores primordiais para colaborar na segurança e com pesquisas na área de alimentos, a aquisição e manutenção de equipamentos de ensaio, treinamento de seus colaboradores e a implementação do sistema de gestão da qualidade em laboratórios baseado na norma ABNT NBR ISO/IEC 17025.

Com estas ações garante o desenvolvimento, validação e implantação de metodologias analíticas direcionadas para a determinação de contaminantes inorgânicos em alimentos, bem como de minerais em geral. Além de contribuir de modo inequívoco para o aprimoramento da TBCA, o projeto está colaborando para a formação de profissionais e ampliação de serviços analíticos oferecidos pela Instituição.
Centro de Pesquisa em Alimentos – FoRC

A missão do Centro de Pesquisa de Alimentos é melhorar e promover a saúde e o bem-estar através da pesquisa, educação e inovação em ciência dos alimentos. Os objetivos são realizar pesquisas básicas avançadas e aplicação interdisciplinar da ciência dos alimentos; estabelecer e fortalecer alianças com organizações profissionais que possuam objetivos compatíveis; educar comunidades diversas comrelação à ciência dos alimentos, nutrição e saúde; promover o crescimento profissional e desenvolvimento de professores, estudantes e profissionais nessas áreas.

A criação do FoRC foi uma iniciativa dos pesquisadores da USP no sentido de serem pioneiros na concepção do primeiro centro de pesquisa focado em alimentos e nutrição no Brasil. Além disso, ele explora o fato da nutrição e saúde apresentarem um caráter multidisciplinar, empreendendo diferentes contextualizações que os vários perfis de profissionais podem elaborar acerca de um mesmo tema.

A Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA) é um produto do trabalho conjunto dos pesquisadores do FoRC, que permeia a ciência, a inovação e a disseminação do conhecimento.

O projeto, iniciado em 1998 na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, passou a ser coordenado pelo FoRC e foi totalmente reformulado. Atualmente, a versão 7.2 contém dados de mais de 5.700 alimentos, sendo mais de 4000 preparações, dos diferentes tipos de alimentos (preparação com alteração de textura, sem glúten, sem lactose e/ou vegana e vegetariana), com o objetivo de permitir a avaliação da ingestão de nutrientes e facilitar a avaliação do consumo alimentar, além da elaboração de planos alimentares da população brasileira.

Saiba mais sobre o Centro de Pesquisa em Alimentos – FoRC, aqui.

Saiba mais sobre a TBCA, aqui

Ulysses Varela – Jornalista Científico – Bolsista BGE-DA/IPEN-CNEN

texto originalmente publicado em ipen.br

Diabetes: Unicentro desenvolve medicamento oral para substituir injeções

Um estudo científico desenvolvido na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) busca auxiliar o tratamento de pacientes de diabetes tipo 2, uma doença crônica que afeta a forma como o corpo processa o açúcar do sangue, a chamada glicose. O tratamento dessa condição clínica consiste no controle da glicemia com uso de medicamentos orais e injetáveis, associado com a prática regular de exercícios físicos e uma alimentação balanceada.

A Federação Internacional de Diabetes (IDF), organização que reúne mais de 240 associações relacionadas à doença em mais de 161 países, estima que a prevalência dessa condição clínica no Brasil é de 10,5%, sendo a maioria, cerca de 90%, do tipo 2. A doença ocorre quando o organismo humano não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia.

A pesquisa da instituição ligada ao Governo do Estado objetiva a substituição de medicamentos injetáveis por uma formulação oral em pacientes com o quadro avançado da doença. Desenvolvido no Departamento de Farmácia da Unicentro, o estudo propõe utilizar nanopartículas para proteger as moléculas do remédio durante a passagem pelo trato gastrointestinal, possibilitando a liberação prolongada do fármaco proteico no sangue.

Atualmente, pacientes que não respondem aos tratamentos medicamentosos convencionais precisam recorrer à combinação de insulina e liraglutida, um sintético injetável que reduz o índice glicêmico. As duas injeções precisam ser aplicadas diariamente, procedimento incômodo, desconfortável e até doloroso. A pesquisa paranaense resulta num medicamento que contém insulina e liraglutida e que pode ser ingerido por via oral em forma líquida, de modo que as nanopartículas transportam as substâncias pelo organismo humano.

Segundo a coordenadora da pesquisa, professora Rubiana Mara Mainardes, as nanopartículas atuam para proteger as moléculas do fármaco do meio ácido estomacal e das enzimas digestivas. “Assim como temos comprimidos e cápsulas que transportam moléculas, trabalhamos com as nanopartículas, que têm tamanho muito pequeno e apresentam uma série de vantagens no organismo humano, para que essas estruturas sejam mais vantajosas para os pacientes”, explica a doutora em Ciências Farmacêuticas.

O projeto de pesquisa conta com financiamento do Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária, principal instituição de fomento científico paranaense, vinculada à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). O estudo também recebeu recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Foto: Divulgação Unicentro

Estudo – O estudante de doutorado Jeferson Ziebarth participa do projeto como bolsista ligado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Unicentro. Com a supervisão da professora Rubiana Mainardes, o pesquisador desenvolve experimentos no Laboratório de Formulações Nanoestruturadas.

O estudo segue uma metodologia verde com abordagem baseada em proteínas vegetais, que é mais sustentável, de baixo custo e sem uso de solventes orgânicos, devido ao risco de resíduos tóxicos prejudiciais à saúde humana.

Mestre em química, Jeferson Ziebarth comenta sobre a relevância desse estudo acadêmico. “Essa pesquisa tem grande relevância para a sociedade, pois busca novas alternativas para o tratamento do diabetes pela via oral, e os resultados das análises, até então, são bastante animadores”, pontua o estudante.

Foram analisadas as proteínas do milho e da soja, que demonstraram eficácia em características de resistência ao suco gástrico, o principal agente da digestão de proteínas pelo estômago. Elas mostraram um potencial significativo para o transporte de moléculas instáveis nesse ambiente, como insulina e liraglutida. Na prática, a utilização dessas substâncias vegetais proporciona uma forma estável de proteção para essas moléculas.

Na primeira etapa, a pesquisa avaliou as características farmacológicas no transporte do medicamento pelas nanopartículas em quantidade suficiente para o tratamento da doença. Na fase seguinte, os pesquisadores analisaram a resistência de nanopartículas ao ambiente gástrico e às enzimas digestivas.

O terceiro estágio dos experimentos constatou a eficácia do processo, comparáveis com os injetáveis convencionais. Parte dessa etapa foi conduzida em parceria com a doutora em Bioquímica Amanda Baviera, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, no interior de São Paulo.

A professora Rubiana Mainardes comenta sobre o estágio atual da pesquisa, que resultou em dois artigos científicos. “Agora estamos tratando os dados, fazendo todas as estatísticas, discutindo e procurando entender melhor os resultados”, salienta. “Como tivemos resultados muito bons, vamos pensar no desenvolvimento de um protótipo dessa formulação”.

(Foto: Divulgação Unicentro)

A docente reforça a importância da ciência para os avanços na área da saúde, como medicamentos, tratamentos e vacinas. “Obviamente o desenvolvimento de um país depende muito da pesquisa científica, o que torna necessário o incentivo governamental, inclusive para que mais alunos ingressem na pesquisa científica nas mais diferentes áreas do conhecimento”, salienta a pesquisadora.

O intuito é patentear a inovação para começar a produção em larga escala na indústria farmacêutica e disponibilizar, no futuro, o medicamento para os pacientes que vivem com a diabetes tipo 2.

Com informações da Agência Estadual de Notícias.

Reportagem publicada originalmente em unicentro.com.br.

Corantes da indústria têxtil podem afetar a visão de peixes

Foto: reprodução do artigo

Laboratório da USP em Ribeirão Preto analisa impactos dos corantes identificados nos corpos d’água

Secas, inundações, ondas de calor, nevascas. Apesar da perplexidade diante das tragédias ambientais, a compreensão da estreita relação entre ação humana e a natureza parece distante. Mas, bem próximos das cidades, rios contaminados por resíduos de corantes podem afetar o desenvolvimento da estrutura ocular de peixes, como foi verificado em estudos com animais em laboratório. A culpa, segundo resultados de pesquisa recém-publicada, é de corantes vermelhos, compostos químicos utilizados em grande escala pela indústria têxtil.

Esta é a primeira vez que se observa a cegueira por ação de corantes químicos e o alerta vem de grupo de pesquisa da USP em Ribeirão Preto, que avaliou efeitos de três corantes vermelhos – o Disperse Red 60 (DR 60), o DR 73 e o DR 78 – em larvas e embriões de zebrafish, espécie ornamental de peixe também conhecida como paulistinha, mantidos em laboratório. “No caso particular do DR 60 a possibilidade de afetar diretamente os olhos das larvas é de grande preocupação ambiental, mas também do ponto de vista da saúde humana”, afirma Bianca de Arruda Leite, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, que realiza seu doutorado sob orientação da professora Danielle Palma de Oliveira, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP e com a colaboração do professor Carlos Gravato, da Universidade de Lisboa, Portugal.  

As anomalias encontradas nas larvas do zebrafish, conta a professora Danielle de Oliveira, preocupam por ser este um modelo amplamente utilizado pela comunidade científica para estudar os processos de desenvolvimento em vertebrados. Além das facilidades do manuseio em laboratório, “aproximadamente 70% dos genes humanos têm pelo menos um ortólogo (genes de espécies diferentes que têm um único gene ancestral comum) do zebrafish”. Com isso, esse organismo “tem sido amplamente empregado como modelo no estudo de doenças humanas”.  

Os problemas de visão chamaram a atenção nos estudos com animais de laboratório, mas não foram os únicos; os testes mostraram ainda alterações no comportamento de locomoção após exposição aos corantes. As concentrações de corantes testadas equivalem às encontradas em amostras de rios que recebem efluentes de indústrias. Mas, asseguram os pesquisadores, os resultados foram observados mesmo em baixas concentrações e servem de alerta para uma maior atenção das autoridades sanitárias quanto ao registro e liberação de novos corantes no meio ambiente.

A reportagem completa pode ser acessada aqui.

Brasil aprova Participação Social em Saúde na OMS com auxílio de pesquisadora da UFSC

A 77ª Assembleia Mundial da Saúde (World Health Assembly, na sigla em inglês) aprovou por consenso uma resolução inédita que legitima a Participação Social em Saúde, informa o Conselho Nacional de Saúde, em seu site. A resolução – proposta por 27 países, entre eles o Brasil – determina que a sociedade civil influencie na tomada de decisões em todo ciclo das políticas públicas de saúde, de forma transparente, em todos os níveis dos sistemas de saúde. A assembleia é um evento da Organização Mundial de Saúde (OMS), que foi promovido entre o final de maio e início de junho de 2024, em Genebra, na Suíça.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem uma pesquisadora entre os membros do Conselho Nacional de Saúde que participou da assembleia da OMS. A professora Silvana Nair Leite, do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFSC, atuou no apoio e na negociação para aprovação da proposta entre os membros da OMS. A professora, que também atua no Conselho Municipal de Saúde de Florianópolis, participou de reuniões com a comissão para implementação da participação social, deliberações com outras entidades representadas na assembleia na Suíça e atividades paralelas promovidas por outras instituições internacionais.

Com a aprovação do documento, o Controle Social do Brasil se torna referência para todo o mundo, pelo acúmulo histórico sobre o tema, informa o Conselho Nacional de Saúde em seu site. Entre os destaques, o documento reitera a importância da atuação de pessoas e comunidades como “parte da abordagem da Atenção Primária à Saúde, que inclui o envolvimento de indivíduos, famílias, comunidades e a sociedade civil através da sua participação no desenvolvimento e implementação de políticas e planos que impactam a saúde, de acordo com as disposições da Declaração de Astana”.

“Necessidade de participação de todas as mulheres”, aponta resolução

A resolução destaca ainda a “necessidade de promover a participação de todas as mulheres e de todos as pessoas que se encontram em situações de vulnerabilidade, pessoas com deficiência e povos indígenas, nos processos de tomada de decisão em saúde, para que políticas e planos relacionados com a saúde respondem às suas necessidades ao longo da vida”.

O documento foi proposto pelos países: Alemanha, Bélgica, Brasil, República Tcheca, Chipre, Colômbia, Croácia, Equador, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Guatemala, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, Holanda, Moldávia, Quirguistão, Sri Lanka, Tailândia e Tunísia.

Confira o vídeo do Conselho Nacional de Saúde sobre a aprovação da resolução:

Com informações da Assessoria de Comunicação (Ascom) do Conselho Nacional de Saúde.

Reportagem publicada originalmente em https://noticias.ufsc.br/

Foto da capa: Antoine Tardy/Divulgação/OMS

Estudo da USP explica por que é bom tomar suco de laranja todo dia

Pesquisadores apontaram vantagens do hábito de tomar suco de laranja diariamente após acompanharem 85 voluntários por 60 dias

O suco de laranja é uma das bebidas preferidas dos brasileiros e costuma ser consumido logo pela manhã, acompanhado de café com leite e pão com manteiga. Estudo da Universidade de São Paulo identificou mudanças benéficas na microbiota e metabolismo intestinal com o consumo diário de suco de laranja.

A pesquisa realizada por cientistas do Centro de Pesquisas em Alimentos (FoRC) e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, publicado na revista Food Research International, demonstra os benefícios do consumo diário de suco de laranja para a saúde intestinal.

Pesquisa da UFG vence prêmio que incentiva alternativas ao uso de animais em pesquisa

Mestranda Lauren Dalat (PPGCF) apresentou um projeto para a substituição de animais em testes de cosméticos

Por William Correia, do Jornal UFG

A mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Goiás (PPGCF/UFG), Lauren Dalat, foi premiada no Prêmio Lush 2024, na categoria Jovem Pesquisador. O evento foi realizado em Londres no dia 21 de maio e tem o objetivo de valorizar, a cada dois anos, ações e pesquisas que buscam eliminar ou substituir os modelos animais em testes de laboratório.

Intitulado “Plataforma multiórgãos em chip para triagem de teratogenicidade humana de cosméticos”, o projeto de Laura foi o selecionado dentre outros 14, de diversas partes do mundo. O trabalho da pesquisadora já havia sido reconhecido no final do ano passado, durante o I Congresso Brasileiro de Métodos Alternativos ao Uso de Animais na Pesquisa e no Ensino (CBMAlt).

Os resultados então apresentados indicaram o potencial uso de células-tronco humanas para o desenvolvimento de novas abordagens metodológicas (NAMs), com destaque para a identificação de compostos teratogênicos – relativos a substâncias ou agentes capazes de provocar malformações congênitas em um embrião ou feto em desenvolvimento. Em outras palavras, as descobertas podem ajudar a substituir o uso de animais nesse tipo de teste.

A novidade apresentada no Prêmio Lush é a incorporação desses conhecimentos em um sistema microfisiológico que combina um modelo de pele 3D reconstruído e componentes derivados de células-tronco dentárias. Tal arranjo poderá permitir a investigação dos potenciais efeitos teratogênicos quando exposto a cosméticos aplicados diretamente sobre a pele, em cenários mais realistas.

Para Lauren, o modelo pode suprir a carência por métodos in vitro que avaliem a teratogenicidade em produtos cosméticos disponíveis no Brasil. “Atualmente, a metodologia padrão-ouro para este desfecho, a OECD 414, é laboriosa, cara, eticamente questionável, uma vez que utiliza em média mil animais por experimento, e pode não reproduzir com acurácia respostas humanas”, afirma.

O trabalho premiado é a base do projeto que deve ser ampliado na etapa de doutorado da pesquisadora. A finalidade, conforme explica Dalat, “é desenvolver um modelo mais realista, considerando o cenário de exposição, para avaliar o desenvolvimento mesenquimal precoce humano usando um sistema fisiologicamente relevante. O plano é associá-lo à pele humana, que é a principal via de exposição aos cosméticos”.

A mestranda da UFG, que tem 25 anos, ainda manifestou orgulho por representar as pesquisadoras latino-americanas e ser uma inspiração para outras jovens que estão iniciando sua trajetória na pesquisa. “Quero dizer que a ciência é para vocês, tanto no Brasil como no exterior. Mantenham seus sonhos vivos até que eles se tornem realidade”, disse em uma de suas redes sociais.

A cerimônia do Prêmio Lush 2024 prestigiou, ao todo, 14 projetos, organizações e cientistas de nove países, com a distribuição de 250 mil libras esterlinas. Por vencer em sua categoria, Dalat fez jus a um fundo de aproximadamente R$ 66 mil na cotação atual. A ideia é que os recursos subsidiem a continuidade de estudos ou projetos que contribuam para o fim dos testes em animais.

Histórico exitoso

Não é a primeira vez que um pesquisador da UFG recebe o título nessa categoria. Em 2022, o então estudante Artur Christian Garcia da Silva, que fazia doutorado no PPGCF, foi agraciado por seus estudos envolvendo um modelo chamado lung-on-a-chip-model, que permite estudar células humanas e suas possíveis interações, auxiliando na compreensão da resposta às alergias induzidas por produtos químicos.

Já em 2017, outro doutorando do PPGCF, Renato Ivan, levou o prêmio pelo desenvolvimento de uma plataforma para avaliação do potencial alergênico de misturas da “vida real”, com ênfase em produtos naturais de tintura capilar contendo henna. Lauren, Artur e Renato têm em comum a passagem pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Toxicologia In Vitro (Tox In), que fica no Centro de Pesquisas LIFE, localizado dentro do Parque Tecnológico Samambaia (PTS) da UFG.

A atuação da unidade coordenada pela professora Marize Campos Valadares, da Faculdade de Farmácia (FF) da UFG, orientadora de Dalat e dos demais premiados, já rendeu reconhecimento ao próprio grupo de estudos. Em 2018, o Tox In venceu a categoria Treinamento e Educação do Prêmio Lush, com o projeto intitulado “Disseminando métodos alternativos no Brasil e na América do Sul: educação e treinamento para a substituição de animais na Ciência”.

Fonte: PRPI

Texto publicado originalmente em jornal.ufg.br.

Pesquisa cria solução ‘três em um’ para tratar queimaduras

Farmacêutica inova ao unir vários compostos em uma mesma fórmula com o auxílio da nanotecnologia

Texto: Adriana Vilar de Menezes Foto: Antonio Scarpinetti

O desafio era minimizar as várias queixas de um paciente com queimaduras usando uma única formulação farmacêutica. A pesquisadora Janaína Artem Ataide abraçou a ideia e lançou mão da nanotecnologia para desenvolver um gel associando três ativos de classes farmacêuticas diferentes. O estudo realizado por Ataide em seu doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unicamp, que também incluiu o uso de um extrato de oleaginosa nacional e ensaios para o reposicionamento da rifamicina, encontra-se em análise de patenteabilidade, a cargo da Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp).

Graduada em Farmácia, Ataide afirma que ainda há um longo caminho a percorrer até a fórmula eventualmente chegar às prateleiras. Contudo, uma vez patenteada, as chances de isso acontecer aumentam, acredita Priscila Gava Mazzola, professora da FCF e orientadora da tese. “A pesquisa ganha o olhar de outro público científico, de pesquisadores de outros lugares, além dos nossos colegas. E pode chegar às empresas, para viabilizar a condução [da produção]. Torna-se mais viável bancar o custo da pesquisa fora da Universidade, porque há mais recursos e pode haver gente 100% focada no projeto. Portanto aumentam as chances de a pesquisa continuar”, avalia Mazzola.

Segundo Ataide, as etapas ainda necessárias para a fórmula resultar em um produto incluem, por exemplo, estudos em animais e em seres humanos. “São etapas que fogem da nossa expertise e que têm alto custo”, diz a pesquisadora. “A ciência se faz em colaboração”, escreveu Ataide em sua tese, citando a frase do professor de física Brian Keating, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos). “Nenhum cientista vai a Estocolmo [Suécia] sozinho”, disse ele referindo-se ao Prêmio Nobel.

Uma das motivações da farmacêutica para se dedicar a uma formulação voltada a vítimas de queimaduras está no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, segundo o qual, no período de 2015 a 2020, foram registradas 19.772 mortes por queimaduras no Brasil (de causas térmicas ou elétricas, por agentes químicos, por geladura ou por radiação). As doenças de pele são a quarta causa mais comum de enfermidades humanas em todo o mundo. “Isso afeta quase um terço da população, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde [OMS], mas são dados muitas vezes subestimados. Isso é realmente assustador”, diz Ataide.

Com a formulação desenvolvida, o paciente pode usar um único produto durante o tratamento, ao invés de utilizar três ou quatro, evitando assim trocas ou reaplicações de medicamentos diferentes, defende a autora da pesquisa. “E acho que a principal vantagem está na eficiência do sistema nanoestruturado com ativos combinados na mesma formulação farmacêutica, além de se tratar de uma pesquisa nacional, com uso de extratos naturais brasileiros”, afirmou.

A pele é o órgão mais exposto do corpo humano, portanto o que corre mais riscos, explica Ataide. Esse órgão desempenha ainda a importante função de oferecer uma barreira protetiva. Por isso, é fundamental cuidar bem da saúde da pele. “A população precisa de medicamentos eficientes, seguros, de custo relativamente baixo e disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde [SUS]”, defende.

Desafios da nanotecnologia

Em seu mestrado, também sob a orientação de Mazzola, Ataide já havia usado a nanotecnologia. Aquela pesquisa, sobre uma enzima do abacaxi, resultou em uma patente. A farmacêutica trabalhou na época com a extração da proteína bromelina do complexo enzimático do abacaxi. “Tivemos muita dificuldade com a bromelina devido à falta de estabilidade. Veio então essa ideia de usar nanotecnologia para tentar estabilizar a proteína. Foi assim que a nanotecnologia entrou na minha vida”, lembra a pesquisadora. “Foi muito desafiador.”

“De fato tratou-se de algo muito trabalhoso”, reforça Mazzola. A pesquisa utilizou um resíduo da indústria – as cascas do abacaxi – para recuperar a enzima, que então poderia ser usada pela indústria farmacêutica. Foi justamente a formulação de nanopartículas de bromelina com quitosana liofilizadas, desenvolvida no mestrado, que se transformou em patente. A fórmula pode ser aplicada como um spray sólido ou em outras preparações, como em gel para cicatrização. Desde o mestrado, portanto, orientadora e orientanda realizam ensaios com a cicatrização. “No doutorado a ideia foi continuar a trabalhar a questão das queimaduras.”

Contribuição para novas pesquisas

De acordo com Mazzola, a pesquisa de doutorado de Ataide representou a primeira vez em que o laboratório da FCF trabalhou com diferentes frentes de ação em torno de um mesmo produto. “Esse é um ponto muito importante. Os ativos são conhecidos, mas fizemos outra abordagem na forma de veiculá-los e apresentá-los. O trabalho [de Ataide] pode contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos e novas apresentações. Isso tem muito valor”, afirma a professora. Entre os apontamentos dos testes destacados na pesquisa está a propriedade das nanopartículas de servirem como carreadores de insumos farmacêuticos ativos (IFA), especialmente por conta de sua capacidade de fazer a entrega simultânea de dois ou mais IFAs e por conta de possibilitarem uma entrega direcionada.

Os testes realizados por Ataide revelam-se conclusivos quanto ao potencial das nanopartículas como carreadores de fármacos: “[As nanopartículas] são uma grande promessa nos dias atuais por transportarem medicamentos até o alvo de interesse, diminuindo os efeitos colaterais”. A tese, intitulada “Desenvolvimento de formulações de base nanotecnológica: estratégias para entrega simultânea e reposicionamento de fármacos”, contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no país e no exterior, possibilitando que Ataide realizasse estudos também nos Estados Unidos, durante um ano, período no qual trabalhou o reposicionamento de fármaco da rifamicina.

Parte do doutorado transcorreu na pandemia. “Eu estava entrando na parte da formulação, quando começou a pandemia. Foi tudo suspenso. Até achei que não fosse dar para fazer nada. A primeira etapa das minhas análises transcorreu totalmente à distância. Algumas vezes eu levei as amostras, entreguei na recepção dos laboratórios parceiros e recebi as fotos na minha casa”, lembra a pesquisadora, que contou com a parceria do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).

“Essas parcerias fazem toda a diferença”, afirma Ataide. “Não somos especialistas em tudo, por isso precisamos das parcerias”, reitera Mazzola. Para a professora, a pesquisa mostra-se promissora também aos olhos das instituições de fomento. “Isso é valioso porque não é fácil conseguir auxílio para pesquisa. E nós queremos transformar a nossa pesquisa em algo prático, que chegue ao paciente e ao mercado, um produto farmacêutico eficiente e acessível na prateleira”, diz a orientadora.

Publicado na Edição 705 do Jornal da Unicamp.

Texto fcf.unicamp.br