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Cientista integra lista dos melhores da área de Micologia, ciência que estuda os fungos

A professora Maria José Soares Mendes Giannini, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp, em Araraquara, está entre os cinco melhores cientistas do mundo da área de Micologia, ciência que estuda as propriedades, aplicações e doenças causadas por fungos. O resultado foi divulgado recentemente pelo ranking científico internacional AD Scientific Index, que classifica e avalia universidades e pesquisadores de todo o planeta. 

“Confesso que foi uma surpresa e que, agora, a responsabilidade que carrego é ainda maior. Eu fico muito contente de estar ocupando este lugar e acredito que receber esse reconhecimento é uma demonstração da força da pesquisa que é realizada na Unesp, que resulta do avanço do conhecimento nessa área. Eu atribuo esse reconhecimento ao que construí ao longo da carreira, aos orientados, às publicações, às linhas de pesquisa e ao quanto ajudamos a avançar no conhecimento da micologia. Fico feliz em estar cumprindo os preceitos com os quais a universidade comunga: o ensino, a pesquisa e a extensão”, comenta a docente.  

Ao longo de sua carreira, Maria José já publicou 230 artigos científicos e produziu 21 capítulos de livros. Professora titular da Unesp, ela também é pesquisadora nível máximo (1A) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde é a líder do grupo de pesquisa “Interação fungo-hospedeiro”. 

Ainda na época em que defendeu seu doutorado, a cientista obteve um resultado que considera um dos mais importantes de sua trajetória profissional: pela primeira vez, foi identificada em pacientes a presença de moléculas do fungo causador da paracoccidioidomicose (PCM), a principal micose sistêmica no Brasil. Essa doença representa uma das dez principais causas de morte por doenças infecciosas e parasitárias, crônicas e recorrentes no país.

Área de atuação – O foco do campo de pesquisa da docente envolve desde aspectos mais básicos sobre os fungos, como desvendar sua estrutura e composição de moléculas, até pontos mais avançados, que estudam o mecanismo de ação desses organismos ao entrarem em contato com o ser humano ou um animal.

“Nós, particularmente, nos dedicamos a pesquisas sobre fungos de interesse médico e veterinário. As doenças oriundas de alguns fungos que investigamos podem até mesmo levar a óbito, dependendo do caso. Atualmente, com o aumento da expectativa de vida da população e o uso mais amplo de corticoides e imunossupressores, nós temos observado cada vez mais a presença desses fungos em pacientes idosos e com comorbidades, que são os mais difíceis de tratar. Infelizmente, a maioria dos antifúngicos empregados atualmente tem efeitos colaterais e podem apresentar resistência”, explica.   

Por conta dessa adversidade, outra frente de atuação do grupo de pesquisa da professora da Unesp é a busca e desenvolvimento de potenciais fármacos como antifúngicos. “Já avaliamos mais de mil extratos de plantas, por exemplo, para estudar alguns derivados desses produtos naturais para essa finalidade. Atualmente temos trabalhos com alguns desses compostos em fase de pesquisa pré-clínica,” conta Maria José.

Falando em animais, a equipe da pesquisadora também tem atuado para reduzir o uso de mamíferos em estudos científicos a partir da utilização de modelos 2D e 3D de células humanas e do uso de animais alternativos, como Galeria mellonella (traça-da-cera), Tenebrio molitor (bicho-da-farinha) e Caenorhabditis elegans (verme encontrado no solo), nos quais são testados tópicos como eficácia terapêutica, segurança toxicológica e resposta imune. Além de terem se mostrado eficazes, esses métodos não convencionais são de baixo custo, mais rápidos e permitem o uso de uma quantidade maior de animais, sem esbarrar em questões éticas. 

Sobre o ranking – O AD Scientific Index. é o primeiro e único estudo que mostra tanto o coeficiente geral de produtividade dos cientistas ao longo da carreira como o recorte dos últimos seis anos. (Clique aqui para conferir a metodologia detalhada do ranking)

Ao todo, são nove parâmetros utilizados pelo sistema para classificar pesquisadores em diversas áreas do conhecimento, como: Agricultura, Engenharia e Tecnologia, História, Filosofia, Teologia, Estudos Jurídicos, Ciências Médicas, Ciências Naturais, Ciências Sociais, entre outras. 

O levantamento analisa estudos de 219 países, 23 mil universidades/instituições e mais de 1,6 milhão de cientistas, fornecendo avaliações com base no desempenho acadêmico e no valor agregado da produtividade científica de cientistas individuais, incluindo a avaliação de revistas e universidades.

Maria José aproveitou o reconhecimento obtido no ranking para fazer um alerta a respeito do tema fungos, destacando a necessidade de mais atenção por parte de diferentes grupos da sociedade acerca do assunto, pois até problemas considerados mais simples podem desencadear complicações severas.

“O que a população mais conhece são as micoses superficiais que afetam a pele e as unhas. Um exemplo é a frieira. Esse tipo de infecção também precisa ser vista com cuidado, pois pode comprometer um paciente com alterações imunológicas. Precisamos de mais atenção das pessoas, das autoridades e da classe médica com as doenças fúngicas, que infelizmente muitas vezes são negligenciadas, finaliza”. 

Contato para esta pauta (Imprensa)
Assessoria de Comunicação da FCF/Unesp
E-mail: henrique.fontes@unesp.br
Whatsapp: (16) 9 9727-2257

reportagem publicada originalmente em fcfar.unesp.br

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