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Em entrevista exclusiva, a professora, ex-presidente e atual conselheira da ABCF, Sandra Farsky fala sobre o estímulo à pós-graduação e o contato com agências de fomento

No ano em que a Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF) completa duas décadas de existência, as perspectivas de crescimento são positivas. Segundo a professora Sandra Helena Poliselli Farsky, membro do Conselho Consultivo da ABCF, o cenário é de otimismo, já que a atuação da associação acompanha as mudanças no atual Governo Brasileiro, que fortalece e acredita nas ciências. Mas ainda há um longo e importante caminho a ser trilhado

“Temos que estar atentos a todas as oportunidades que estão surgindo, abrir caminhos junto às agências de fomento, propondo editais para as Ciências Farmacêuticas. Embora já tenhamos avançado, ainda há muito a ser feito para a política de medicamentos no Brasil, somos muito dependentes nesta questão e só conseguiremos atuar nessa área se tivermos uma representativa, tanto nas ciências quanto na inovação”, conta a Sandra Helena Poliselli Farsky.

Para ela, uma das formas de fortalecimento da ABCF é a pós-graduação. A representatividade da pós-graduação dentro das agências de fomento foi a razão primordial da criação da ABCF. Realizou trabalhos para atrair a pós-graduação para dentro da associação durante os dois anos em que ocupou o cargo de presidente.

“Precisamos que a pesquisa em ciências farmacêuticas seja valorizada, portanto é importante que orientadores e alunos estejam vinculados a uma associação que os represente junto às agências. A ABCF é o canal para que projetos conjuntos, de grande visibilidade, sejam propostos para as agências e iniciativas privadas e divulgadas à população.

Trajetória

Sandra iniciou a vida acadêmica aos 17 anos, quando ingressou no curso de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto. “Escolhi Farmácia porque queria trabalhar na área de saúde. Hoje vejo que fiz a escolha certa, adoro o que faço”, afirma.
Com a intenção de seguir na área de pesquisa, Sandra iniciou a pós-graduação em São Paulo, onde entrou no Doutorado no Instituto de Ciências Biomédicas da USP. “Quando terminei o Doutorado solicitei uma bolsa no CNPq e fui para o Instituto Butantan aplicar o que tinha feito no doutorado”, comenta.

Ainda trabalhando no Instituto, a professora conseguiu uma bolsa de Jovem Pesquisador na Fapesp e montou o seu próprio laboratório. “Foi uma época muito produtiva, trabalhei bastante, mas infelizmente não abriu concurso para o Butantan, acabei prestando concurso na Faculdade de Farmácia da USP, onde desde 2011 sou professora titular”, conta Sandra.

Sua atuação na ABCF começou em 2004, durante sua jornada na pós-graduação. “Eu participava muito das reuniões da Capes, liberada pelas professoras Suely Galdino e Dulcinéia Abdalla, que sempre foram mentoras para mim, pessoas que admiro muito. Elas estavam à frente da Capes na ocasião e tivemos anos produtivos, tanto que os membros dos programas de pós-graduação induziram a ABCF para fortalecer as Ciências Farmacêuticas”, destaca.

O primeiro contato com a Diretoria da associação ocorreu na gestão 2017-2018, quando a presidente era Teresa Dalla Costa. “Eu era tesoureira da associação quando o Flávio da Silva Emery, então vice-presidente, me convidou para concorrer em sua chapa. Na época expliquei que não era minha intenção, mas acabei assumindo a vice-presidência da ABCF junto do Flávio, e a presidência na gestão seguinte (2021-2022). Foi um momento muito difícil por conta da pandemia, mas aproveitamos para fazer um trabalho muito forte de divulgação da associação”, relembra a professora.

Como as reuniões só podiam ser realizadas on-line, Sandra instituiu um calendário mensal e toda a diretoria era convidada a participar. “Uma decisão muito acertada na época, tanto que até hoje as reuniões são realizadas assim. Foi uma forma de envolver os 18 representantes da diretoria da ABCF nas tomadas de decisões e estabelecer um momento onde todos eram ouvidos”, explica. Outra iniciativa importante iniciada na gestão de Sandra foi a de comemorar as datas importantes das Ciências Farmacêuticas.

Diferentemente do Congresso de 2021, que foi todo on-line, o de 2022 foi presencial e Sandra conta que essa foi uma vontade dos participantes. “As pessoas sentiam necessidade de se encontrar, mesmo que fosse necessário abrir as inscrições para um número menor de pessoas. Guilherme Gelfuso, atual presidente da ABCF organizou o congresso em Brasília e foi um sucesso. Desta forma fechamos com chave de ouro a gestão”, celebra.

E mesmo deixando a presidência, Sandra fez questão de continuar na ABCF, pois encontrou nessa iniciativa uma maneira de dar suporte à atual gestão. “Assim, intercalamos as pessoas que têm mais experiência com as que estão chegando, para que elas possam conhecer o funcionamento da associação que hoje está bem mais fortalecida”, finaliza.

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